Recebi esta semana um release falando da
Bio Brazil Fair, uma feira de produtos orgânicos aberta ao público. Iniciativa legal, na hora imaginei uma feira com cara de feira livre mesmo, vendendo plantas, alimentos gostosos, roupas bacanas e coisas legais em geral, com um visual campestre, muito verde... viajei.
Não vou nem entrar no mérito da uma hora que passei procurando vaga para estacionar na Bienal - ir de carro foi problema meu. Mas ao entrar no espaço da Bienal, dei de cara com uma feira de negócios tosca, com stands de plástico (ou outro produto parecido usado nesses eventos). Mas pior que isso foi o total despreparo dos funcionários que ali estavam para atender o público consumidor. Em sua maioria, eram pequenas empresas produtoras de "green bags", velas artesanais, essências, biscoitos, mel. Só que eles estavam lá para procurar distribuidores - e não para mostrar seus produtos ao público final, o que é um grande paradoxo.
Mesmo no stand da Native, caprichado, as mini-caixinhas de suco de laranja e maracujá da marca eram vendidas a R$ 1,50. E não havia um caixa, os próprios atendentes recebiam o dinheiro e iam procurar troco, uma coisa muito esquisita. Custava distribuir os suquinhos para as pessoas conhecerem os produtos? Será que estão vendendo tão bem assim que não precisam mais de ações de degustação? O pior era comprar o suquinho - comprei um pra minha filha pequena que estava comigo - e não ter onde sentar para tomar. Querer atenção dos atendentes, então, era desejo impossível. Eles estavam perdidos, em pequeno número e tentando descobrir quem era potencial distribuidor importante, dando pouca ou nenhuma atenção a quem tentava descobrir detalhes sobre os lançamentos. Presenciei uma senhora tentando informações para ser distribuidora no interior sem nenhum sucesso.
Então fui a um stand que se sobressaía: era uma horta linda, cheia de temperos e ervas. O título era algo como "horta urbana". "Pronto, achei algo útil, vou finalmente conseguir instruções para montar a minha hortinha no apartamento!", pensei. E lá fui eu bater papo com a atendente. Tudo o que ela soube me explicar foi... nada. Absolutamente nada. "O que é este stand?", perguntei. "É sobre hortas", foi a resposta. "Sei, mas vocês estão ensinando o que?", tentei de novo. "Estamos mostrando a horta", recebi de volta. OK. Desisti. Trouxe pra casa uns folhetos ao invés de sementes.
Aí vislumbrei um balcão cheio de legumes e hortaliças. Oba! Cheguei e fiquei aguardando as duas moças que fofocavam sobre a menina do stand ao lado. Um minuto, dois, três... tosse básica pra elas me notarem... pronto, me notaram. Mas não falaram nada, nem um "pois não". Perguntei o preço dos morangos, se aceitava cartão. Não sabiam. "E cheque?", "Não sei, peraí". E assim foi. Parecia que estavam me fazendo o favor de me vender os morangos. Saber mais sobre eles, nem pensar.
Pode ser, e eu espero, que nos próximos dias (a feira vai até 24 de julho) os funcionários se organizem melhor e entendam o que estão fazendo lá. Seria injusto se eu não elogiasse os stands das marcas maiores, como Taeq (Pão de Açúcar), Vyvedas, Via Pax Bio, Korin, Jasmine. Mas ainda falta um longo e tortuoso caminho até a feira verde, a festa de saúde para a população que eu havia imaginado.
Saí de lá, dei um pulinho no bosque do Ibirapuera com a minha filha e, olhando para aquelas árvores e a sombra gostosa, tive a certeza de que a feira dos meus sonhos deveria estar em outro lugar.