29 Aug 2011

McDonald´s, uniformes reciclados e lixo não reciclado



Outro dia, li uma notícia sobre o comprometimento do McDonald´s em utilizar uniformes reciclados para os funcionários das mais de 1,000 lojas na Inglaterra. Os uniformes são feitos pela Worn Again , que diz fazer o upcycle (utilizando algo que será descartado para transformá-lo em algo de melhor valor ou uso). A própria empresa pergunta: "e se cada peça de roupa que você comprasse fosse especialmente desenhada de uma maneira que pudesse ser desmontada e reutilizada depois que você não a quisesse mais?"



Lógico que junto com essa notícia mil críticas ao Mc Donald´s afloraram, pois isso faz parte de um esforço que o McDonald´s vem fazendo para mudar a imagem de símbolo do capitalismo vendedor de junk food.
Apesar das críticas sobre tudo o que o Mc Donald´s representa, a inciativa é ótima, pois, se uma empresa do tamanho no McDonald´s faz isso (e ainda se fizesse no mundo inteiro) o impacto seria grande.
Estava pensando se isso era apenas um greenwash ou se as pessoas deveriam parar de criticar sobre uma boa iniciativa e tentar separar a história dos uniformes do contexto geral do Mc Donald´s, quando recebi o email de Daniel Okubo, juntamente com as fotos impressionantes:

Estou protocolando uma reclamação na prefeitura e na Vigilância Sanitária da imundice que o Mc Donalds da Avenida do Cursino 2400, São Paulo-SP. Já faz algum tempo que estava incomodado sempre que passava nas redondezas. Hoje minha indignação foi ao limite e essas fotos tirei hoje enquanto passeava com a minha filha. São fotos apenas do quarteirão em volta do Mc Donalds que acredito ficar dessa forma por negligência mesmo, já solicitei várias vezes para disponibilizarem lixeiras ao redor, orientar as pessoas a utilizarem e também fiscalizarem, pois entendo que apesar do lixo estar na rua, o Mc tem responsabilidade sobre a destinação do lixo, já que prega em seu site o compromisso com a sustentabilidade e com o uso de materiasi recicláveis e coleta seletiva.




Pois é, McDonald´s. A faxina em casa deve ser feita antes, pois o compromisso com a sustentabilidade é muito maior que uniformes fashion reutilizados e o Ronald McDonald saudável.

E Daniel, parabéns pelo exercício da cidadania. Vivemos fazendo críticas por aí e não tomamos atitute. Esperamos agora que a vigilância sanitária faça algo a respeito.



27 Jul 2011

Ideias assim pro mundo

Este post é só de uma ideia genial que encontrei e me fez pensar: por que coisas assim não são copiadas, instantaneamente, por todo mundo?

Veja se é ou não é óbvio que as embalagens de calçados deveriam ter sido sempre assim.








Fonte: FFFFound

21 Jul 2011

A Bio Fair e o longo caminho pela frente

Recebi esta semana um release falando da Bio Brazil Fair, uma feira de produtos orgânicos aberta ao público. Iniciativa legal, na hora imaginei uma feira com cara de feira livre mesmo, vendendo plantas, alimentos gostosos, roupas bacanas e coisas legais em geral, com um visual campestre, muito verde... viajei.

Não vou nem entrar no mérito da uma hora que passei procurando vaga para estacionar na Bienal - ir de carro foi problema meu. Mas ao entrar no espaço da Bienal, dei de cara com uma feira de negócios tosca, com stands de plástico (ou outro produto parecido usado nesses eventos). Mas pior que isso foi o total despreparo dos funcionários que ali estavam para atender o público consumidor. Em sua maioria, eram pequenas empresas produtoras de "green bags", velas artesanais, essências, biscoitos, mel. Só que eles estavam lá para procurar distribuidores - e não para mostrar seus produtos ao público final, o que é um grande paradoxo.

Mesmo no stand da Native, caprichado, as mini-caixinhas de suco de laranja e maracujá da marca eram vendidas a R$ 1,50. E não havia um caixa, os próprios atendentes recebiam o dinheiro e iam procurar troco, uma coisa muito esquisita. Custava distribuir os suquinhos para as pessoas conhecerem os produtos? Será que estão vendendo tão bem assim que não precisam mais de ações de degustação? O pior era comprar o suquinho - comprei um pra minha filha pequena que estava comigo - e não ter onde sentar para tomar. Querer atenção dos atendentes, então, era desejo impossível. Eles estavam perdidos, em pequeno número e tentando descobrir quem era potencial distribuidor importante, dando pouca ou nenhuma atenção a quem tentava descobrir detalhes sobre os lançamentos. Presenciei uma senhora tentando informações para ser distribuidora no interior sem nenhum sucesso.

Então fui a um stand que se sobressaía: era uma horta linda, cheia de temperos e ervas. O título era algo como "horta urbana". "Pronto, achei algo útil, vou finalmente conseguir instruções para montar a minha hortinha no apartamento!", pensei. E lá fui eu bater papo com a atendente. Tudo o que ela soube me explicar foi... nada. Absolutamente nada. "O que é este stand?", perguntei. "É sobre hortas", foi a resposta. "Sei, mas vocês estão ensinando o que?", tentei de novo. "Estamos mostrando a horta", recebi de volta. OK. Desisti. Trouxe pra casa uns folhetos ao invés de sementes.

Aí vislumbrei um balcão cheio de legumes e hortaliças. Oba! Cheguei e fiquei aguardando as duas moças que fofocavam sobre a menina do stand ao lado. Um minuto, dois, três... tosse básica pra elas me notarem... pronto, me notaram. Mas não falaram nada, nem um "pois não". Perguntei o preço dos morangos, se aceitava cartão. Não sabiam. "E cheque?", "Não sei, peraí". E assim foi. Parecia que estavam me fazendo o favor de me vender os morangos. Saber mais sobre eles, nem pensar.

Pode ser, e eu espero, que nos próximos dias (a feira vai até 24 de julho) os funcionários se organizem melhor e entendam o que estão fazendo lá. Seria injusto se eu não elogiasse os stands das marcas maiores, como Taeq (Pão de Açúcar), Vyvedas, Via Pax Bio, Korin, Jasmine. Mas ainda falta um longo e tortuoso caminho até a feira verde, a festa de saúde para a população que eu havia imaginado.

Saí de lá, dei um pulinho no bosque do Ibirapuera com a minha filha e, olhando para aquelas árvores e a sombra gostosa, tive a certeza de que a feira dos meus sonhos deveria estar em outro lugar.

12 Jun 2011

Uma história de amor - uma homenagem ao dia dos namorados

Em comemoração ao Dia dos Namorados, segue uma história fofa de um casal de garrafas de leite predestinadas a ficarem juntas para sempre até que uma pessoa... Enfim... Não vou fazer spoiler...
Assistam ao vídeo e pensem no assunto.



É para pensar também porque só reclamamos que o governo não faz isso, nem faz aquilo, mas nós também não tomamos atitute, nem ao menos falamos com os vereadores, prefeitos, deputados, governadores, senadores e presidentes (ou presidentas) que elegemos. É essa a intenção dos produtores deste vídeo inglês.

De qualquer maneira, Feliz Dia dos Namorados!!!!

5 Jun 2011

A lâmpada e a ideia!




Desde o dia 05 de junho, dia mundial do meio ambiente, quando, coincidentemente, queimaram umas 15 lâmpadas aqui em casa, elas vão se acumulando. Essa semana recebi um ultimato: "ou você dá um jeito nessas lâmpadas ou elas vão para o lixo." Como se a responsabilidade ambiental fosse minha e a punição que eu fosse receber afetasse somente à mim, e mais ninguém.



OK, algumas das lâmpadas são incandescentes (ainda vou publicar nesse blog sobre o uso de lâmpadas incandescentes e econômicas) e, teoricamente, podem ser jogadas no lixo reciclável que alguém vai reciclar. O problema é que não existe esse alguém, assim como não existe o away do throw away em inglês. Dei uma pesquisada, e, se a lâmpada não for descartada de forma correta e as partes forem separadas do jeito que devem ser, dificilmente a lâmpada será reciclada.

Entrei no site da Philips e da Osram (as maiores produtoras de lâmpadas no Brasil). O site da Philips dá uma enrolada sobre os processos e não diz nada específico sobre as lâmpadas e o da Osram diz exatamente que o que eu disse acima e fornece uma lista de empresas que reciclam as lâmpadas (e descontaminam no caso das lâmpadas fluorescentes).

Sim, porque vocês sabem que as lâmpadas fluorescentes contêm mercúrio que contamina o ambiente: então, por favor, não joguem, de maneira alguma as lâmpadas fluorescentes no lixo. Veja abaixo o ciclo das lâmpadas e os resíduos que elas geram:





Enfim, não vou dizer aqui, mais uma vez, que as empresas deveriam ser responsáveis pelo ciclo todo dos materiais que elas colocam no mercado. De qualquer maneira, entrei em contato com a Tramppo que me informou que o mínimo que eles cobram para retirar as lâmpadas é R$300 (valor correspondente ao cobrado para reciclar de 1 a 250 unidades de lâmpadas inteiras). Quantidades pequenas podem ser levadas ao local e é cobrado R$1,50 por lâmpada.


E então você deve estar pensando: quer dizer que além de levar as lâmpadas ainda vou ter que pagar? É isso mesmo, e isso só seria diferente se as empresas se responsabilizassem pelo descarte de lâmpadas. Mas eu penso que, pra vocês que moram em prédios, o condomínio poderia se organizar (organizar uma coleta por ano) para juntar as 250 unidades (ou mais). Daria R$25 por mês para o prédio inteiro. Provavelmente, menos que R$1 a mais na conta do condomínio. É de se pensar, não?


Eu sei, tem a questão de onde guardar as lâmpadas, do vizinho chato que não quer participar, etc... Mas lembrem-se daquele provérbio africano famoso:

"O mundo não foi presenteado pelos nossos antepassados, mas emprestado por nossos filhos."


Para outros resíduos eletrônicos acessem o site:

http://www.e-lixo.org/ (com uma mapa para onde levar telefones, computadores e outros, separados por categorias).

https://www.descartecerto.com.br/oque-coletamos.html (descartam todo tipo de eletrodoméstico e parece que têm uma parceria com o Carrefour e também retiram em casa)


Finalmente, achei uma loja de produtos eletrônicos na Lapa que recebe as lâmpadas. O legal é que a ideia partiu dos clientes e acho que a loja absorve os custos das reciclagem delas. Ou seja, exigir, perguntar e, por exemplo, escolher essa loja em favor de outras que não se responsabilizam pelo lixo gerado, é uma ótima ideia.


** Cime Comercial Imperatriz de Material Elétrico
Rua Monteiro Melo, 433 - Lapa – SP
Tel: (11) 3672-1428 / 3675-7512

Vou tentar levar as minhas lâmpadas lá, antes que a ameaça do ultimato seja cumprida...


27 May 2011

Respostas das empresas


Ontem, recebi resposta da Johnson & Johnson sobre a escova de dentes e da Nestlé (sobre a Nespresso e Dolce Gusto):

Johnson & Johnson:

Ficamos felizes com o seu interesse por nossos produtos e também pela sua preocupação com o meio ambiente.

Com relação ao processo de fabricação da Escova JOHNSON'S® REACH Eco, informamos que os 60% restantes do plástico são de polipropileno virgem, sendo que a nossa idéia inicial seria utilizar 100% de material reciclável pré-consumo. No entanto, esse valor teve que ser reduzido para 40% para não comprometer as propriedades da escova. A parte plástica da escova pode ser reciclada porém, as cerdas teriam de ser removidas.

A Johnson & Johnson do Brasil ainda estuda o desenvolvimento de uma máquina capaz de separar as cerdas de escovas de dente do seu cabo de forma eficaz e produtiva para contribuir ainda mais com projetos mais sustentáveis nesta “logística “reversa”.

Já a embalagem, também pode ser reciclada, mas o descarte de cada material que compõe a mesma deve ser feito separadamente.

Buscamos oferecer aos nossos consumidores produtos que atendam às suas necessidades e expectativas.

A Johnson & Johnson do Brasil mantém um projeto piloto em alguns supermercados, na cidade de São Paulo. Além disso, a empresa continua a estudar novas formas de lidar com o lixo pós-consumo.

Continuamos à disposição para renovar esse contato, sempre que possível. A troca de idéias e de opiniões com os consumidores, além de motivo de muita satisfação, é também um estímulo para o nosso constante aperfeiçoamento.

Atenciosamente,

Amanda Bressanin
Central de Relacionamento com o Consumidor
Johnson & Johnson do Brasil
0800 703 6363

Dolce Gusto e Nespresso



Dolce Gusto já tem um projeto para reciclagem, mas ainda não está finalizado.

A Nespresso já está comecando a implementar.

As cápsulas tem diferentes elementos e para serem descartadas corretamente precisam ser abertas e as partes separadas.

Tem café ou leite, plástico e metal, por isso não é tão simples assim fazer o descarte, assim se os consumidores nos perguntam dizemos que não é reciclável!




Fiquei feliz que as empresas tenham respondido. A Johnson me ligou e disse que havia respondido antes no email (eu não havia recebido), achei que eles responderam apenas pela publicação no blog. Mesmo porque o email que eu cadastrei no site da Johnson não foi o mesmo email no qual recebi a resposta ontem. Sobre a Dolce Gusto, foi uma leitora do blog que contactou uma amiga, pois estava pensando em comprar uma cafeteira.

Enfim, sobre a escova de dentes, a minha opinião é que seria muito bom se eles repensassem o fato de fazer as escovas 100% pré-consumo. Se os dentistas recomendam trocar a escova a cada mês, talvez as propriedades da escova que eles alegam estarem comprometidas sejam propriedades para que a escova dure por muito mais tempo do que pretendemos utilizá-las. Outro dia descobri que minha avó não trocava a escova dela há mais de dez anos (isso mesmo, dez anos). E a escova tava lá inteirinha e limpinha. E, sobre o projeto piloto em alguns supermercados, recebi a lista de locais onde poderemos descartar as escovas (não tentei ainda, se alguém tentar levar as escovas, por favor, poste a experiência aqui).

O projeto comentado na resposta anterior trata-se de uma iniciativa da Rede Carrefour, chamada de Projeto Estação de Reciclagem, para estimular e sensibilizar a população sobre consumo consciente. Este projeto é de responsabilidade do Carrefour e, em 2010, a Johnson & Johnson do Brasil apoiou a instalação de estações de reciclagem em algumas lojas da rede. Abaixo, compartilhamos alguns endereços e reiteramos nosso compromisso em esclarecer futuras dúvidas.

Lojas Carrefour com estações de reciclagem que receberam o apoio da Johnson & Johnson do Brasil na instalação:

Raposo Tavares
Cambucci Lions
Pinheiros
Pamplona
Morumbi
Santo Amaro

Sobre a Nespreso e Dolce Gusto, o que eu tenho a comentar é que: se você vai comprar uma cafeteira, compre uma que não use cápsulas e que o café e leite venham em embalagens que sejam, no mínimo, biodegradáveis (e não super difíceis de reciclar, mesmo que o processo esteja em início de implementação). E sei que uma leitora do blog que nem toma café ia comprar uma dessas e desistiu! Boa! Pelo menos a discussão toda fez a leitora pensar enquanto ainda estava no primeiro passo dos 3Rs (reduzir!).


23 May 2011

A estraga prazeres e a escova de dentes


Fui chamada de estraga prazeres (no bom sentido) pela Lu (também autora deste blog) e pelo meu querido cunhado que me disse que eu tinha que escrever coisas mais positivas no blog. Desde então, fiquei procurando produtos que realmente expressassem "serem sustentáveis" sem ser menos pior, assunto que foi discutido no post sobre a coca cola.
Estou já há mais de uma semana procurando e, como estraga prazeres de plantão, não consegui achar um produto que eu não tivesse um ponto a criticar. Hoje, eu me deparei com um post do site Inhabitat sobre uma escova de dentes que poderia ser a solução dos meus problemas. E ainda, me lembrei de outro, que está aqui no rascunho do blog, mas que ainda não havia sido publicado, por falta de respostas por parte da Johnson & Johnson.
Nada mais apropriado: comparar escova de dentes que se dizem sustentáveis após o post do banheiro.
Então, o primeiro produto é a escova Eco Essencial da Johnson& Johnson que promete ajudar o seu bolso e a natureza, pois é eco de econômica e eco de ecológica.


A Johnson alega ser sustentável, pois o cabo da escova é 40% feito de material pré-consumo (materiais plásticos que sobram da produção de outros produtos da Johnson e que seriam descartados). Segundo eles, a escova foi desenvolvida para que a comunidade em geral reflita sobre a geração de resíduos e impactos ao meio ambiente. OK, eu refleti e enviei um email para eles, há mais de dois meses. Minhas perguntas foram: e do que são feitos os outros 60%? A escova foi feita de modo que fosse facilmente desmontável para que seus materiais fossem separados e reciclados? A Johnson, com sua preocupação ecológica, não tem um programa de recolhimento das escovas de dente?
Ninguém me respondeu até hoje, enquanto isso, deixo as escovas usadas para fazer faxina e depois disso, coloco no lixo reciclável, mas não sei se é possível reciclar as escovas de dentes.
Acho bárbara a ideia de usar material pré-consumo para as escovas, mas, se existe mesmo a preocupação da Johnson, acho que a empresa deveria se preocupar com o ciclo inteiro dos produtos que coloca no mercado, pois está sendo menos ruim. Ser menos ruim é o caminho, mas não a solução para os problemas.

E então, recebi o post comentado acima sobre a escova de dentes THIS.


O projeto da escova THIS é promover o Miswak (galho da árvore Salvadora persica utilizado pelos Islâmicos para limpar os dentes) como um substituto orgânico, biodegradável e portátil para a escova e pasta de dentes. Junto com o projeto, foi feita uma campanha online para que as pessoas doassem a escova THIS para uma pessoa de um país em desenvolvimento a cada compra.




E, como diz o texto dos criadores, às vezes, o design sustentável não significa criar novos objetos, mas promover, redesenhar ou ainda criar uma nova embalagem para um produto existente. Foi isso que o estudante de mestrado Leen Sadder fez. Provou que é possível ser bom, sem ser menos pior e também provou que eu não sou uma estraga prazeres sem causa.

E então, eu me pergunto: qual escova te fez pensar sobre a geração de resíduos e seu impacto no meio ambiente? A que tem "Eco" no nome ou a que simplesmente se intitula "Isso"?