29 Aug 2011

McDonald´s, uniformes reciclados e lixo não reciclado



Outro dia, li uma notícia sobre o comprometimento do McDonald´s em utilizar uniformes reciclados para os funcionários das mais de 1,000 lojas na Inglaterra. Os uniformes são feitos pela Worn Again , que diz fazer o upcycle (utilizando algo que será descartado para transformá-lo em algo de melhor valor ou uso). A própria empresa pergunta: "e se cada peça de roupa que você comprasse fosse especialmente desenhada de uma maneira que pudesse ser desmontada e reutilizada depois que você não a quisesse mais?"



Lógico que junto com essa notícia mil críticas ao Mc Donald´s afloraram, pois isso faz parte de um esforço que o McDonald´s vem fazendo para mudar a imagem de símbolo do capitalismo vendedor de junk food.
Apesar das críticas sobre tudo o que o Mc Donald´s representa, a inciativa é ótima, pois, se uma empresa do tamanho no McDonald´s faz isso (e ainda se fizesse no mundo inteiro) o impacto seria grande.
Estava pensando se isso era apenas um greenwash ou se as pessoas deveriam parar de criticar sobre uma boa iniciativa e tentar separar a história dos uniformes do contexto geral do Mc Donald´s, quando recebi o email de Daniel Okubo, juntamente com as fotos impressionantes:

Estou protocolando uma reclamação na prefeitura e na Vigilância Sanitária da imundice que o Mc Donalds da Avenida do Cursino 2400, São Paulo-SP. Já faz algum tempo que estava incomodado sempre que passava nas redondezas. Hoje minha indignação foi ao limite e essas fotos tirei hoje enquanto passeava com a minha filha. São fotos apenas do quarteirão em volta do Mc Donalds que acredito ficar dessa forma por negligência mesmo, já solicitei várias vezes para disponibilizarem lixeiras ao redor, orientar as pessoas a utilizarem e também fiscalizarem, pois entendo que apesar do lixo estar na rua, o Mc tem responsabilidade sobre a destinação do lixo, já que prega em seu site o compromisso com a sustentabilidade e com o uso de materiasi recicláveis e coleta seletiva.




Pois é, McDonald´s. A faxina em casa deve ser feita antes, pois o compromisso com a sustentabilidade é muito maior que uniformes fashion reutilizados e o Ronald McDonald saudável.

E Daniel, parabéns pelo exercício da cidadania. Vivemos fazendo críticas por aí e não tomamos atitute. Esperamos agora que a vigilância sanitária faça algo a respeito.



27 Jul 2011

Ideias assim pro mundo

Este post é só de uma ideia genial que encontrei e me fez pensar: por que coisas assim não são copiadas, instantaneamente, por todo mundo?

Veja se é ou não é óbvio que as embalagens de calçados deveriam ter sido sempre assim.








Fonte: FFFFound

21 Jul 2011

A Bio Fair e o longo caminho pela frente

Recebi esta semana um release falando da Bio Brazil Fair, uma feira de produtos orgânicos aberta ao público. Iniciativa legal, na hora imaginei uma feira com cara de feira livre mesmo, vendendo plantas, alimentos gostosos, roupas bacanas e coisas legais em geral, com um visual campestre, muito verde... viajei.

Não vou nem entrar no mérito da uma hora que passei procurando vaga para estacionar na Bienal - ir de carro foi problema meu. Mas ao entrar no espaço da Bienal, dei de cara com uma feira de negócios tosca, com stands de plástico (ou outro produto parecido usado nesses eventos). Mas pior que isso foi o total despreparo dos funcionários que ali estavam para atender o público consumidor. Em sua maioria, eram pequenas empresas produtoras de "green bags", velas artesanais, essências, biscoitos, mel. Só que eles estavam lá para procurar distribuidores - e não para mostrar seus produtos ao público final, o que é um grande paradoxo.

Mesmo no stand da Native, caprichado, as mini-caixinhas de suco de laranja e maracujá da marca eram vendidas a R$ 1,50. E não havia um caixa, os próprios atendentes recebiam o dinheiro e iam procurar troco, uma coisa muito esquisita. Custava distribuir os suquinhos para as pessoas conhecerem os produtos? Será que estão vendendo tão bem assim que não precisam mais de ações de degustação? O pior era comprar o suquinho - comprei um pra minha filha pequena que estava comigo - e não ter onde sentar para tomar. Querer atenção dos atendentes, então, era desejo impossível. Eles estavam perdidos, em pequeno número e tentando descobrir quem era potencial distribuidor importante, dando pouca ou nenhuma atenção a quem tentava descobrir detalhes sobre os lançamentos. Presenciei uma senhora tentando informações para ser distribuidora no interior sem nenhum sucesso.

Então fui a um stand que se sobressaía: era uma horta linda, cheia de temperos e ervas. O título era algo como "horta urbana". "Pronto, achei algo útil, vou finalmente conseguir instruções para montar a minha hortinha no apartamento!", pensei. E lá fui eu bater papo com a atendente. Tudo o que ela soube me explicar foi... nada. Absolutamente nada. "O que é este stand?", perguntei. "É sobre hortas", foi a resposta. "Sei, mas vocês estão ensinando o que?", tentei de novo. "Estamos mostrando a horta", recebi de volta. OK. Desisti. Trouxe pra casa uns folhetos ao invés de sementes.

Aí vislumbrei um balcão cheio de legumes e hortaliças. Oba! Cheguei e fiquei aguardando as duas moças que fofocavam sobre a menina do stand ao lado. Um minuto, dois, três... tosse básica pra elas me notarem... pronto, me notaram. Mas não falaram nada, nem um "pois não". Perguntei o preço dos morangos, se aceitava cartão. Não sabiam. "E cheque?", "Não sei, peraí". E assim foi. Parecia que estavam me fazendo o favor de me vender os morangos. Saber mais sobre eles, nem pensar.

Pode ser, e eu espero, que nos próximos dias (a feira vai até 24 de julho) os funcionários se organizem melhor e entendam o que estão fazendo lá. Seria injusto se eu não elogiasse os stands das marcas maiores, como Taeq (Pão de Açúcar), Vyvedas, Via Pax Bio, Korin, Jasmine. Mas ainda falta um longo e tortuoso caminho até a feira verde, a festa de saúde para a população que eu havia imaginado.

Saí de lá, dei um pulinho no bosque do Ibirapuera com a minha filha e, olhando para aquelas árvores e a sombra gostosa, tive a certeza de que a feira dos meus sonhos deveria estar em outro lugar.

12 Jun 2011

Uma história de amor - uma homenagem ao dia dos namorados

Em comemoração ao Dia dos Namorados, segue uma história fofa de um casal de garrafas de leite predestinadas a ficarem juntas para sempre até que uma pessoa... Enfim... Não vou fazer spoiler...
Assistam ao vídeo e pensem no assunto.



É para pensar também porque só reclamamos que o governo não faz isso, nem faz aquilo, mas nós também não tomamos atitute, nem ao menos falamos com os vereadores, prefeitos, deputados, governadores, senadores e presidentes (ou presidentas) que elegemos. É essa a intenção dos produtores deste vídeo inglês.

De qualquer maneira, Feliz Dia dos Namorados!!!!

5 Jun 2011

A lâmpada e a ideia!




Desde o dia 05 de junho, dia mundial do meio ambiente, quando, coincidentemente, queimaram umas 15 lâmpadas aqui em casa, elas vão se acumulando. Essa semana recebi um ultimato: "ou você dá um jeito nessas lâmpadas ou elas vão para o lixo." Como se a responsabilidade ambiental fosse minha e a punição que eu fosse receber afetasse somente à mim, e mais ninguém.



OK, algumas das lâmpadas são incandescentes (ainda vou publicar nesse blog sobre o uso de lâmpadas incandescentes e econômicas) e, teoricamente, podem ser jogadas no lixo reciclável que alguém vai reciclar. O problema é que não existe esse alguém, assim como não existe o away do throw away em inglês. Dei uma pesquisada, e, se a lâmpada não for descartada de forma correta e as partes forem separadas do jeito que devem ser, dificilmente a lâmpada será reciclada.

Entrei no site da Philips e da Osram (as maiores produtoras de lâmpadas no Brasil). O site da Philips dá uma enrolada sobre os processos e não diz nada específico sobre as lâmpadas e o da Osram diz exatamente que o que eu disse acima e fornece uma lista de empresas que reciclam as lâmpadas (e descontaminam no caso das lâmpadas fluorescentes).

Sim, porque vocês sabem que as lâmpadas fluorescentes contêm mercúrio que contamina o ambiente: então, por favor, não joguem, de maneira alguma as lâmpadas fluorescentes no lixo. Veja abaixo o ciclo das lâmpadas e os resíduos que elas geram:





Enfim, não vou dizer aqui, mais uma vez, que as empresas deveriam ser responsáveis pelo ciclo todo dos materiais que elas colocam no mercado. De qualquer maneira, entrei em contato com a Tramppo que me informou que o mínimo que eles cobram para retirar as lâmpadas é R$300 (valor correspondente ao cobrado para reciclar de 1 a 250 unidades de lâmpadas inteiras). Quantidades pequenas podem ser levadas ao local e é cobrado R$1,50 por lâmpada.


E então você deve estar pensando: quer dizer que além de levar as lâmpadas ainda vou ter que pagar? É isso mesmo, e isso só seria diferente se as empresas se responsabilizassem pelo descarte de lâmpadas. Mas eu penso que, pra vocês que moram em prédios, o condomínio poderia se organizar (organizar uma coleta por ano) para juntar as 250 unidades (ou mais). Daria R$25 por mês para o prédio inteiro. Provavelmente, menos que R$1 a mais na conta do condomínio. É de se pensar, não?


Eu sei, tem a questão de onde guardar as lâmpadas, do vizinho chato que não quer participar, etc... Mas lembrem-se daquele provérbio africano famoso:

"O mundo não foi presenteado pelos nossos antepassados, mas emprestado por nossos filhos."


Para outros resíduos eletrônicos acessem o site:

http://www.e-lixo.org/ (com uma mapa para onde levar telefones, computadores e outros, separados por categorias).

https://www.descartecerto.com.br/oque-coletamos.html (descartam todo tipo de eletrodoméstico e parece que têm uma parceria com o Carrefour e também retiram em casa)


Finalmente, achei uma loja de produtos eletrônicos na Lapa que recebe as lâmpadas. O legal é que a ideia partiu dos clientes e acho que a loja absorve os custos das reciclagem delas. Ou seja, exigir, perguntar e, por exemplo, escolher essa loja em favor de outras que não se responsabilizam pelo lixo gerado, é uma ótima ideia.


** Cime Comercial Imperatriz de Material Elétrico
Rua Monteiro Melo, 433 - Lapa – SP
Tel: (11) 3672-1428 / 3675-7512

Vou tentar levar as minhas lâmpadas lá, antes que a ameaça do ultimato seja cumprida...


27 May 2011

Respostas das empresas


Ontem, recebi resposta da Johnson & Johnson sobre a escova de dentes e da Nestlé (sobre a Nespresso e Dolce Gusto):

Johnson & Johnson:

Ficamos felizes com o seu interesse por nossos produtos e também pela sua preocupação com o meio ambiente.

Com relação ao processo de fabricação da Escova JOHNSON'S® REACH Eco, informamos que os 60% restantes do plástico são de polipropileno virgem, sendo que a nossa idéia inicial seria utilizar 100% de material reciclável pré-consumo. No entanto, esse valor teve que ser reduzido para 40% para não comprometer as propriedades da escova. A parte plástica da escova pode ser reciclada porém, as cerdas teriam de ser removidas.

A Johnson & Johnson do Brasil ainda estuda o desenvolvimento de uma máquina capaz de separar as cerdas de escovas de dente do seu cabo de forma eficaz e produtiva para contribuir ainda mais com projetos mais sustentáveis nesta “logística “reversa”.

Já a embalagem, também pode ser reciclada, mas o descarte de cada material que compõe a mesma deve ser feito separadamente.

Buscamos oferecer aos nossos consumidores produtos que atendam às suas necessidades e expectativas.

A Johnson & Johnson do Brasil mantém um projeto piloto em alguns supermercados, na cidade de São Paulo. Além disso, a empresa continua a estudar novas formas de lidar com o lixo pós-consumo.

Continuamos à disposição para renovar esse contato, sempre que possível. A troca de idéias e de opiniões com os consumidores, além de motivo de muita satisfação, é também um estímulo para o nosso constante aperfeiçoamento.

Atenciosamente,

Amanda Bressanin
Central de Relacionamento com o Consumidor
Johnson & Johnson do Brasil
0800 703 6363

Dolce Gusto e Nespresso



Dolce Gusto já tem um projeto para reciclagem, mas ainda não está finalizado.

A Nespresso já está comecando a implementar.

As cápsulas tem diferentes elementos e para serem descartadas corretamente precisam ser abertas e as partes separadas.

Tem café ou leite, plástico e metal, por isso não é tão simples assim fazer o descarte, assim se os consumidores nos perguntam dizemos que não é reciclável!




Fiquei feliz que as empresas tenham respondido. A Johnson me ligou e disse que havia respondido antes no email (eu não havia recebido), achei que eles responderam apenas pela publicação no blog. Mesmo porque o email que eu cadastrei no site da Johnson não foi o mesmo email no qual recebi a resposta ontem. Sobre a Dolce Gusto, foi uma leitora do blog que contactou uma amiga, pois estava pensando em comprar uma cafeteira.

Enfim, sobre a escova de dentes, a minha opinião é que seria muito bom se eles repensassem o fato de fazer as escovas 100% pré-consumo. Se os dentistas recomendam trocar a escova a cada mês, talvez as propriedades da escova que eles alegam estarem comprometidas sejam propriedades para que a escova dure por muito mais tempo do que pretendemos utilizá-las. Outro dia descobri que minha avó não trocava a escova dela há mais de dez anos (isso mesmo, dez anos). E a escova tava lá inteirinha e limpinha. E, sobre o projeto piloto em alguns supermercados, recebi a lista de locais onde poderemos descartar as escovas (não tentei ainda, se alguém tentar levar as escovas, por favor, poste a experiência aqui).

O projeto comentado na resposta anterior trata-se de uma iniciativa da Rede Carrefour, chamada de Projeto Estação de Reciclagem, para estimular e sensibilizar a população sobre consumo consciente. Este projeto é de responsabilidade do Carrefour e, em 2010, a Johnson & Johnson do Brasil apoiou a instalação de estações de reciclagem em algumas lojas da rede. Abaixo, compartilhamos alguns endereços e reiteramos nosso compromisso em esclarecer futuras dúvidas.

Lojas Carrefour com estações de reciclagem que receberam o apoio da Johnson & Johnson do Brasil na instalação:

Raposo Tavares
Cambucci Lions
Pinheiros
Pamplona
Morumbi
Santo Amaro

Sobre a Nespreso e Dolce Gusto, o que eu tenho a comentar é que: se você vai comprar uma cafeteira, compre uma que não use cápsulas e que o café e leite venham em embalagens que sejam, no mínimo, biodegradáveis (e não super difíceis de reciclar, mesmo que o processo esteja em início de implementação). E sei que uma leitora do blog que nem toma café ia comprar uma dessas e desistiu! Boa! Pelo menos a discussão toda fez a leitora pensar enquanto ainda estava no primeiro passo dos 3Rs (reduzir!).


23 May 2011

A estraga prazeres e a escova de dentes


Fui chamada de estraga prazeres (no bom sentido) pela Lu (também autora deste blog) e pelo meu querido cunhado que me disse que eu tinha que escrever coisas mais positivas no blog. Desde então, fiquei procurando produtos que realmente expressassem "serem sustentáveis" sem ser menos pior, assunto que foi discutido no post sobre a coca cola.
Estou já há mais de uma semana procurando e, como estraga prazeres de plantão, não consegui achar um produto que eu não tivesse um ponto a criticar. Hoje, eu me deparei com um post do site Inhabitat sobre uma escova de dentes que poderia ser a solução dos meus problemas. E ainda, me lembrei de outro, que está aqui no rascunho do blog, mas que ainda não havia sido publicado, por falta de respostas por parte da Johnson & Johnson.
Nada mais apropriado: comparar escova de dentes que se dizem sustentáveis após o post do banheiro.
Então, o primeiro produto é a escova Eco Essencial da Johnson& Johnson que promete ajudar o seu bolso e a natureza, pois é eco de econômica e eco de ecológica.


A Johnson alega ser sustentável, pois o cabo da escova é 40% feito de material pré-consumo (materiais plásticos que sobram da produção de outros produtos da Johnson e que seriam descartados). Segundo eles, a escova foi desenvolvida para que a comunidade em geral reflita sobre a geração de resíduos e impactos ao meio ambiente. OK, eu refleti e enviei um email para eles, há mais de dois meses. Minhas perguntas foram: e do que são feitos os outros 60%? A escova foi feita de modo que fosse facilmente desmontável para que seus materiais fossem separados e reciclados? A Johnson, com sua preocupação ecológica, não tem um programa de recolhimento das escovas de dente?
Ninguém me respondeu até hoje, enquanto isso, deixo as escovas usadas para fazer faxina e depois disso, coloco no lixo reciclável, mas não sei se é possível reciclar as escovas de dentes.
Acho bárbara a ideia de usar material pré-consumo para as escovas, mas, se existe mesmo a preocupação da Johnson, acho que a empresa deveria se preocupar com o ciclo inteiro dos produtos que coloca no mercado, pois está sendo menos ruim. Ser menos ruim é o caminho, mas não a solução para os problemas.

E então, recebi o post comentado acima sobre a escova de dentes THIS.


O projeto da escova THIS é promover o Miswak (galho da árvore Salvadora persica utilizado pelos Islâmicos para limpar os dentes) como um substituto orgânico, biodegradável e portátil para a escova e pasta de dentes. Junto com o projeto, foi feita uma campanha online para que as pessoas doassem a escova THIS para uma pessoa de um país em desenvolvimento a cada compra.




E, como diz o texto dos criadores, às vezes, o design sustentável não significa criar novos objetos, mas promover, redesenhar ou ainda criar uma nova embalagem para um produto existente. Foi isso que o estudante de mestrado Leen Sadder fez. Provou que é possível ser bom, sem ser menos pior e também provou que eu não sou uma estraga prazeres sem causa.

E então, eu me pergunto: qual escova te fez pensar sobre a geração de resíduos e seu impacto no meio ambiente? A que tem "Eco" no nome ou a que simplesmente se intitula "Isso"?






19 May 2011

Mas e o banheiro? Dá pra ser sustentável?

Recebemos uma mensagem da Cris que dizia: "Utilizo sacos plásticos nos banheiros e troco todos os dias. Nao jogo papel na privada pq além de tudo.... entope. O que vc me sugere? Nao pego sacolas plásticas no supermercado e COMPRO sacolas plásticas para o banheiro??? Nao faz sentido, certo?
Espero a sua sugestão para fazer a minha parte melhor..."

A questão dela é ótima, porque é a pergunta que muita gente se faz. O lixo do banheiro é sempre um problema. Primeiro porque a maioria das pessoas têm cestos específicos para reciclagem na área de serviço ou na cozinha, mas o lixo do banheiro é sempre um só. E isso faz com que muitas embalagens que poderiam ser recicladas - shampoo, condicionador, etc - acabem se misturando com papéis sujos, cotonetes e outros resíduos que contaminam o resto e impossibilitam uma separação.

A primeira atitude - bem simples - que pode ser tomada é colocar nos banheiros um segundo cesto de lixo. Isso não vai aumentar o uso das sacolas plásticas porque o lixo reciclável, que é seco, não precisa de sacola. E ele pode ser despejado diretamente no outro cesto maior de recicláveis.

Uma dica que li e achei muito bacana é a de substituir o algodão que nós, mulheres, usamos para tirar maquiagem e passar produtos no rosto por pequenas toalhinhas. Pode ser até mesmo uma toalha grande, cortada em quadradinhos. Elas são laváveis, vão na máquina de secar, dão super pouco trabalho e ainda exfoliam a pele! Já o cotonete tem um substituto usado pelos japoneses (e recomendado pelos otorrinos que dizem que o cotonete empurra mais a cera para dentro do ouvido). Pode ser comprado em qualquer lojinha da Liberdade ou nessas de bairro que vendem produtos japoneses. Ele é chamado de Mimikaki:



Mas tem um tipo de resíduo que não tem como evitar: o papel higiênico. O que fazer com ele? Jogar na privada ou no lixo? Segundo a Mestre em Saúde Pública Lucia Schuller, “Existe ainda uma prática de armazenar esse resíduo em cestinhos de lixo no banheiro, o que é lamentável. Uma série de insetos, principalmente formigas, costumam "passear" por esses cestos e "capturam" todo tipo de bactéria em suas pernas e exoesqueleto.”
Para a professora de microbiologia da UERJ, Vânia Merquior, 46, a escolha não deve ser feita por preocupação com a saúde. "A contaminação da lixeira não é significativa em termos microbiológicos." Ela explica que as bactérias sobrevivem só por algumas horas e que elas não circulam no ambiente se estiverem no cesto, como acontece, por exemplo, ao se dar descarga com a tampa aberta. "Mas se você jogar o papel no vaso sanitário, há mais chances de evitar o manuseio desse lixo por um terceiro", diz.

Ainda assim é meio nojento imaginar a mesma formiguinha passeando pelo lixo e depois em cima do bolo de chocolate, né?

Mas e a sustentabilidade? E o entupimento? Lembramos que o Brasil é um dos únicos países que adotam a prática de jogar o papel higiênico na lixeirinha. Como arquiteta, a Mirian, autora deste blog, sabe que principalmente em prédios de apartamentos é quase impossível entupir por causa da pressão da água. Mas vamos aos especialistas:

Se o bairro onde você mora tem tratamento de esgoto, jogue o papel no vaso sanitário. “O papel higiênico – tanto faz se mais fino ou mais grosso – vai ser parcialmente dissolvido na água e o que chegar à estação de tratamento será separado e descartado em um aterro sanitário junto com os demais resíduos sólidos”, explica Hélio Padula, gerente de serviços da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). “A pessoa só não pode exagerar na quantidade de papel por vez para evitar entupir o vaso ou as instalações hidráulicas da casa”, diz. Se for jogado no cesto de lixo, o papel também vai parar no aterro, porém, por ser embalado em sacos plásticos, seu impacto ambiental é maior – plásticos, como se sabe, levam décadas para ser decompostos na natureza.

Caso sua cidade não conte com uma rede coletora de esgoto ou uma estação de tratamento (para se informar disso, ligue para a concessionária de esgoto local), jogue o papel higiênico no lixo do banheiro. Quando lançado no vaso, ele entope mais rapidamente a fossa séptica (tanque enterrado no jardim ou quintal da casa para onde vai o esgoto doméstico quando não há rede coletora). Ao mesmo tempo, aumenta a poluição das águas, já que o esgoto de cidades sem estação de tratamento é despejado in natura em rios ou no mar. Fraldas, absorventes higiênicos e camisinhas devem ser jogados no lixo.

"O mundo inteiro joga o papel no vaso sanitário. Só aqui temos esse hábito do jogar na lixeira", diz Pedro Alem, 64, professor do departamento de engenharia hidráulica e sanitária da Poli-USP. "Possivelmente, nos lugares onde há avisos para não jogar no vaso, é porque as pessoas não devem jogar só papel", diz.

Se mesmo depois disso, você achar que o seu banheiro vai entupir, que a formiga não vai contaminar a sua comida e que é problema do terceiro se ele vai manusear o seu lixo, a melhor forma seria não ter sacos plásticos de jeito nenhum, nem no lixo do papel higiênico. Não parece muito limpo, mas a privada também não é descartável - nós a limpamos certo? O cesto pode ser limpo também. Uma outra opção seria usar os sacos de papel - o passo-a-passo de como fazê-los está no post de 09/05. Dá pra usar jornal, papel de embrulho, qualquer coisa. Caso você não tenha saco (sem trocadilhos) para fazer o saquinho de papel, acabamos de achar um post de um saquinhos de designers italianos. Vale a pena descobrir alternativas similares ou locais que vendam o produto por aqui:








Lembrando que papel é um dos resíduos menos graves de ser aterrado - ele se decompõe com certa rapidez. Então não faz sentido produzir plástico para eliminar papel.

13 May 2011

O leitor, as sacolinhas e o Greenwashing do Walmart


Mesmo antes da decisão do governo do estado de abolir as sacolinhas de plástico até janeiro de 2012, o Walmart da São Judas tinha um caixa preferencial para as pessoas que não usam sacolas e que ganham um desconto por serem pessoas conscientes em relação ao meio ambiente. Uma atitude que parece ser tão consciente por parte de um grande supermercado, na verdade, não passa de Greenwash ou Verniz Verde, assunto que nós retomaremos aqui nesse blog. E, para entendermos melhor o que é isso, vamos ao depoimento e fotos de Daniel Okubo:

“Fui ao caixa preferencial para pessoas que não usam sacolinhas conforme indica a placa verde (uma outra placa indicava o desconto para quem optasse por isto). O caixa preferencial não estava aberto e fui ao SAC pedir que eles o abrissem. Fui informado que o supermercado não iria abrir porque não tinha ninguém disponível, mas que mesmo assim, eu poderia passar em qualquer outro caixa. Passei no caixa comum, informei que não usaria as sacolinhas e, no final, não aplicaram o desconto, pois eu precisava ter passado no caixa exclusivo para ter o benefício.





Liguei no SAC Central e me informaram que eu teria o desconto independentemente do caixa em que eu passasse, mas aí, o desconto já não tinha sido aplicado. Na semana seguinte, tentei fazer a mesma coisa, porém, viram que era eu e me passaram na frente de outras pessoas (o que foi constrangedor) para que eu não criasse um "barraco".

Deram o desconto, mas percebe-se que foi tudo forçado.

Essa semana estive lá novamente e, com a nova lei, acho que tiraram a placa de desconto, pois não a vi. O desconto me foi dado assim mesmo e o caixa exclusivo estava funcionando, porém, qualquer pessoa podia utilizar, nada de exclusivo.”


O Walmart tem um site muito bem feito sobre sustentabilidade e, no próprio site, eles declaram que têm um grande diferencial: o caixa Eco, citado pelo Daniel. Mas, se o caixa Eco não funciona, de que adianta toda essa campanha? Tá certo que as pessoas não devem usar sacolinhas de plástico por causa dos descontos, mas porque têm consciência, porque sabem que é ruim e, se não sabiam, já leram o blog e foram convencidas a não usar. Principalmente para coisas que podem e devem ficar soltas no porta-malas como as bebidas comprados acima. Então, que a Walmart não declare o seu GRANDE DIFERENCIAL que é um caixa vazio e que não funciona, além da total falta de respeito com o consumidor. E, eu duvido muito que os centavos economizados pelo consumidor em não utilizar a sacolinha não devem estar embutidos no preço dos produtos.


O Walmart também tem as chamadas loja ecoeficientes todas de madeira e verdinhas. O que o Walmart não conta é que eles utilizam muito mais energia do que as tais lojas ecoeficientes vão economizar. Eles pretendem diminuir 2.5 millhões de toneladas cúbicas as emissões de CO2 e, em 2007, as lojas que foram construídas vão emitir 1 milhão de toneladas cúbicas a mais. Ou seja, em 2013, continuando nesse ritmo, o Walmart vai cortar 2.5 milhões, mas vai adicionar 28 milhões em suas emissões. E o grande diferencial do caixa Eco não funciona.


Acho que você já entendeu o que é Greenwashing. É claro que é inevitável irmos ao supermercado e fazermos compras e você pode ter mil motivos para ir ao Walmart. Só não vá ao Walmart porque ele é verde.


E, por último, uma charge sobre Greenwashing.