Recebemos uma mensagem da Cris que dizia: "Utilizo sacos plásticos nos banheiros e troco todos os dias. Nao jogo papel na privada pq além de tudo.... entope. O que vc me sugere? Nao pego sacolas plásticas no supermercado e COMPRO sacolas plásticas para o banheiro??? Nao faz sentido, certo?
Espero a sua sugestão para fazer a minha parte melhor..."
A questão dela é ótima, porque é a pergunta que muita gente se faz. O lixo do banheiro é sempre um problema. Primeiro porque a maioria das pessoas têm cestos específicos para reciclagem na área de serviço ou na cozinha, mas o lixo do banheiro é sempre um só. E isso faz com que muitas embalagens que poderiam ser recicladas - shampoo, condicionador, etc - acabem se misturando com papéis sujos, cotonetes e outros resíduos que contaminam o resto e impossibilitam uma separação.
A primeira atitude - bem simples - que pode ser tomada é colocar nos banheiros um segundo cesto de lixo. Isso não vai aumentar o uso das sacolas plásticas porque o lixo reciclável, que é seco, não precisa de sacola. E ele pode ser despejado diretamente no outro cesto maior de recicláveis.
Uma dica que li e achei muito bacana é a de substituir o algodão que nós, mulheres, usamos para tirar maquiagem e passar produtos no rosto por pequenas toalhinhas. Pode ser até mesmo uma toalha grande, cortada em quadradinhos. Elas são laváveis, vão na máquina de secar, dão super pouco trabalho e ainda exfoliam a pele! Já o cotonete tem um substituto usado pelos japoneses (e recomendado pelos otorrinos que dizem que o cotonete empurra mais a cera para dentro do ouvido). Pode ser comprado em qualquer lojinha da Liberdade ou nessas de bairro que vendem produtos japoneses. Ele é chamado de Mimikaki:
Mas tem um tipo de resíduo que não tem como evitar: o papel higiênico. O que fazer com ele? Jogar na privada ou no lixo? Segundo a Mestre em Saúde Pública Lucia Schuller, “Existe ainda uma prática de armazenar esse resíduo em cestinhos de lixo no banheiro, o que é lamentável. Uma série de insetos, principalmente formigas, costumam "passear" por esses cestos e "capturam" todo tipo de bactéria em suas pernas e exoesqueleto.”
Para a professora de microbiologia da UERJ, Vânia Merquior, 46, a escolha não deve ser feita por preocupação com a saúde. "A contaminação da lixeira não é significativa em termos microbiológicos." Ela explica que as bactérias sobrevivem só por algumas horas e que elas não circulam no ambiente se estiverem no cesto, como acontece, por exemplo, ao se dar descarga com a tampa aberta. "Mas se você jogar o papel no vaso sanitário, há mais chances de evitar o manuseio desse lixo por um terceiro", diz.
Ainda assim é meio nojento imaginar a mesma formiguinha passeando pelo lixo e depois em cima do bolo de chocolate, né?
Mas e a sustentabilidade? E o entupimento? Lembramos que o Brasil é um dos únicos países que adotam a prática de jogar o papel higiênico na lixeirinha. Como arquiteta, a Mirian, autora deste blog, sabe que principalmente em prédios de apartamentos é quase impossível entupir por causa da pressão da água. Mas vamos aos especialistas:
Se o bairro onde você mora tem tratamento de esgoto, jogue o papel no vaso sanitário. “O papel higiênico – tanto faz se mais fino ou mais grosso – vai ser parcialmente dissolvido na água e o que chegar à estação de tratamento será separado e descartado em um aterro sanitário junto com os demais resíduos sólidos”, explica Hélio Padula, gerente de serviços da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). “A pessoa só não pode exagerar na quantidade de papel por vez para evitar entupir o vaso ou as instalações hidráulicas da casa”, diz. Se for jogado no cesto de lixo, o papel também vai parar no aterro, porém, por ser embalado em sacos plásticos, seu impacto ambiental é maior – plásticos, como se sabe, levam décadas para ser decompostos na natureza.
Caso sua cidade não conte com uma rede coletora de esgoto ou uma estação de tratamento (para se informar disso, ligue para a concessionária de esgoto local), jogue o papel higiênico no lixo do banheiro. Quando lançado no vaso, ele entope mais rapidamente a fossa séptica (tanque enterrado no jardim ou quintal da casa para onde vai o esgoto doméstico quando não há rede coletora). Ao mesmo tempo, aumenta a poluição das águas, já que o esgoto de cidades sem estação de tratamento é despejado in natura em rios ou no mar. Fraldas, absorventes higiênicos e camisinhas devem ser jogados no lixo.
"O mundo inteiro joga o papel no vaso sanitário. Só aqui temos esse hábito do jogar na lixeira", diz Pedro Alem, 64, professor do departamento de engenharia hidráulica e sanitária da Poli-USP. "Possivelmente, nos lugares onde há avisos para não jogar no vaso, é porque as pessoas não devem jogar só papel", diz.
Se mesmo depois disso, você achar que o seu banheiro vai entupir, que a formiga não vai contaminar a sua comida e que é problema do terceiro se ele vai manusear o seu lixo, a melhor forma seria não ter sacos plásticos de jeito nenhum, nem no lixo do papel higiênico. Não parece muito limpo, mas a privada também não é descartável - nós a limpamos certo? O cesto pode ser limpo também. Uma outra opção seria usar os sacos de papel - o passo-a-passo de como fazê-los está no post de 09/05. Dá pra usar jornal, papel de embrulho, qualquer coisa. Caso você não tenha saco (sem trocadilhos) para fazer o saquinho de papel, acabamos de achar um post de um saquinhos de designers italianos. Vale a pena descobrir alternativas similares ou locais que vendam o produto por aqui:





Lembrando que papel é um dos resíduos menos graves de ser aterrado - ele se decompõe com certa rapidez. Então não faz sentido produzir plástico para eliminar papel.