27 May 2011

Respostas das empresas


Ontem, recebi resposta da Johnson & Johnson sobre a escova de dentes e da Nestlé (sobre a Nespresso e Dolce Gusto):

Johnson & Johnson:

Ficamos felizes com o seu interesse por nossos produtos e também pela sua preocupação com o meio ambiente.

Com relação ao processo de fabricação da Escova JOHNSON'S® REACH Eco, informamos que os 60% restantes do plástico são de polipropileno virgem, sendo que a nossa idéia inicial seria utilizar 100% de material reciclável pré-consumo. No entanto, esse valor teve que ser reduzido para 40% para não comprometer as propriedades da escova. A parte plástica da escova pode ser reciclada porém, as cerdas teriam de ser removidas.

A Johnson & Johnson do Brasil ainda estuda o desenvolvimento de uma máquina capaz de separar as cerdas de escovas de dente do seu cabo de forma eficaz e produtiva para contribuir ainda mais com projetos mais sustentáveis nesta “logística “reversa”.

Já a embalagem, também pode ser reciclada, mas o descarte de cada material que compõe a mesma deve ser feito separadamente.

Buscamos oferecer aos nossos consumidores produtos que atendam às suas necessidades e expectativas.

A Johnson & Johnson do Brasil mantém um projeto piloto em alguns supermercados, na cidade de São Paulo. Além disso, a empresa continua a estudar novas formas de lidar com o lixo pós-consumo.

Continuamos à disposição para renovar esse contato, sempre que possível. A troca de idéias e de opiniões com os consumidores, além de motivo de muita satisfação, é também um estímulo para o nosso constante aperfeiçoamento.

Atenciosamente,

Amanda Bressanin
Central de Relacionamento com o Consumidor
Johnson & Johnson do Brasil
0800 703 6363

Dolce Gusto e Nespresso



Dolce Gusto já tem um projeto para reciclagem, mas ainda não está finalizado.

A Nespresso já está comecando a implementar.

As cápsulas tem diferentes elementos e para serem descartadas corretamente precisam ser abertas e as partes separadas.

Tem café ou leite, plástico e metal, por isso não é tão simples assim fazer o descarte, assim se os consumidores nos perguntam dizemos que não é reciclável!




Fiquei feliz que as empresas tenham respondido. A Johnson me ligou e disse que havia respondido antes no email (eu não havia recebido), achei que eles responderam apenas pela publicação no blog. Mesmo porque o email que eu cadastrei no site da Johnson não foi o mesmo email no qual recebi a resposta ontem. Sobre a Dolce Gusto, foi uma leitora do blog que contactou uma amiga, pois estava pensando em comprar uma cafeteira.

Enfim, sobre a escova de dentes, a minha opinião é que seria muito bom se eles repensassem o fato de fazer as escovas 100% pré-consumo. Se os dentistas recomendam trocar a escova a cada mês, talvez as propriedades da escova que eles alegam estarem comprometidas sejam propriedades para que a escova dure por muito mais tempo do que pretendemos utilizá-las. Outro dia descobri que minha avó não trocava a escova dela há mais de dez anos (isso mesmo, dez anos). E a escova tava lá inteirinha e limpinha. E, sobre o projeto piloto em alguns supermercados, recebi a lista de locais onde poderemos descartar as escovas (não tentei ainda, se alguém tentar levar as escovas, por favor, poste a experiência aqui).

O projeto comentado na resposta anterior trata-se de uma iniciativa da Rede Carrefour, chamada de Projeto Estação de Reciclagem, para estimular e sensibilizar a população sobre consumo consciente. Este projeto é de responsabilidade do Carrefour e, em 2010, a Johnson & Johnson do Brasil apoiou a instalação de estações de reciclagem em algumas lojas da rede. Abaixo, compartilhamos alguns endereços e reiteramos nosso compromisso em esclarecer futuras dúvidas.

Lojas Carrefour com estações de reciclagem que receberam o apoio da Johnson & Johnson do Brasil na instalação:

Raposo Tavares
Cambucci Lions
Pinheiros
Pamplona
Morumbi
Santo Amaro

Sobre a Nespreso e Dolce Gusto, o que eu tenho a comentar é que: se você vai comprar uma cafeteira, compre uma que não use cápsulas e que o café e leite venham em embalagens que sejam, no mínimo, biodegradáveis (e não super difíceis de reciclar, mesmo que o processo esteja em início de implementação). E sei que uma leitora do blog que nem toma café ia comprar uma dessas e desistiu! Boa! Pelo menos a discussão toda fez a leitora pensar enquanto ainda estava no primeiro passo dos 3Rs (reduzir!).


23 May 2011

A estraga prazeres e a escova de dentes


Fui chamada de estraga prazeres (no bom sentido) pela Lu (também autora deste blog) e pelo meu querido cunhado que me disse que eu tinha que escrever coisas mais positivas no blog. Desde então, fiquei procurando produtos que realmente expressassem "serem sustentáveis" sem ser menos pior, assunto que foi discutido no post sobre a coca cola.
Estou já há mais de uma semana procurando e, como estraga prazeres de plantão, não consegui achar um produto que eu não tivesse um ponto a criticar. Hoje, eu me deparei com um post do site Inhabitat sobre uma escova de dentes que poderia ser a solução dos meus problemas. E ainda, me lembrei de outro, que está aqui no rascunho do blog, mas que ainda não havia sido publicado, por falta de respostas por parte da Johnson & Johnson.
Nada mais apropriado: comparar escova de dentes que se dizem sustentáveis após o post do banheiro.
Então, o primeiro produto é a escova Eco Essencial da Johnson& Johnson que promete ajudar o seu bolso e a natureza, pois é eco de econômica e eco de ecológica.


A Johnson alega ser sustentável, pois o cabo da escova é 40% feito de material pré-consumo (materiais plásticos que sobram da produção de outros produtos da Johnson e que seriam descartados). Segundo eles, a escova foi desenvolvida para que a comunidade em geral reflita sobre a geração de resíduos e impactos ao meio ambiente. OK, eu refleti e enviei um email para eles, há mais de dois meses. Minhas perguntas foram: e do que são feitos os outros 60%? A escova foi feita de modo que fosse facilmente desmontável para que seus materiais fossem separados e reciclados? A Johnson, com sua preocupação ecológica, não tem um programa de recolhimento das escovas de dente?
Ninguém me respondeu até hoje, enquanto isso, deixo as escovas usadas para fazer faxina e depois disso, coloco no lixo reciclável, mas não sei se é possível reciclar as escovas de dentes.
Acho bárbara a ideia de usar material pré-consumo para as escovas, mas, se existe mesmo a preocupação da Johnson, acho que a empresa deveria se preocupar com o ciclo inteiro dos produtos que coloca no mercado, pois está sendo menos ruim. Ser menos ruim é o caminho, mas não a solução para os problemas.

E então, recebi o post comentado acima sobre a escova de dentes THIS.


O projeto da escova THIS é promover o Miswak (galho da árvore Salvadora persica utilizado pelos Islâmicos para limpar os dentes) como um substituto orgânico, biodegradável e portátil para a escova e pasta de dentes. Junto com o projeto, foi feita uma campanha online para que as pessoas doassem a escova THIS para uma pessoa de um país em desenvolvimento a cada compra.




E, como diz o texto dos criadores, às vezes, o design sustentável não significa criar novos objetos, mas promover, redesenhar ou ainda criar uma nova embalagem para um produto existente. Foi isso que o estudante de mestrado Leen Sadder fez. Provou que é possível ser bom, sem ser menos pior e também provou que eu não sou uma estraga prazeres sem causa.

E então, eu me pergunto: qual escova te fez pensar sobre a geração de resíduos e seu impacto no meio ambiente? A que tem "Eco" no nome ou a que simplesmente se intitula "Isso"?






19 May 2011

Mas e o banheiro? Dá pra ser sustentável?

Recebemos uma mensagem da Cris que dizia: "Utilizo sacos plásticos nos banheiros e troco todos os dias. Nao jogo papel na privada pq além de tudo.... entope. O que vc me sugere? Nao pego sacolas plásticas no supermercado e COMPRO sacolas plásticas para o banheiro??? Nao faz sentido, certo?
Espero a sua sugestão para fazer a minha parte melhor..."

A questão dela é ótima, porque é a pergunta que muita gente se faz. O lixo do banheiro é sempre um problema. Primeiro porque a maioria das pessoas têm cestos específicos para reciclagem na área de serviço ou na cozinha, mas o lixo do banheiro é sempre um só. E isso faz com que muitas embalagens que poderiam ser recicladas - shampoo, condicionador, etc - acabem se misturando com papéis sujos, cotonetes e outros resíduos que contaminam o resto e impossibilitam uma separação.

A primeira atitude - bem simples - que pode ser tomada é colocar nos banheiros um segundo cesto de lixo. Isso não vai aumentar o uso das sacolas plásticas porque o lixo reciclável, que é seco, não precisa de sacola. E ele pode ser despejado diretamente no outro cesto maior de recicláveis.

Uma dica que li e achei muito bacana é a de substituir o algodão que nós, mulheres, usamos para tirar maquiagem e passar produtos no rosto por pequenas toalhinhas. Pode ser até mesmo uma toalha grande, cortada em quadradinhos. Elas são laváveis, vão na máquina de secar, dão super pouco trabalho e ainda exfoliam a pele! Já o cotonete tem um substituto usado pelos japoneses (e recomendado pelos otorrinos que dizem que o cotonete empurra mais a cera para dentro do ouvido). Pode ser comprado em qualquer lojinha da Liberdade ou nessas de bairro que vendem produtos japoneses. Ele é chamado de Mimikaki:



Mas tem um tipo de resíduo que não tem como evitar: o papel higiênico. O que fazer com ele? Jogar na privada ou no lixo? Segundo a Mestre em Saúde Pública Lucia Schuller, “Existe ainda uma prática de armazenar esse resíduo em cestinhos de lixo no banheiro, o que é lamentável. Uma série de insetos, principalmente formigas, costumam "passear" por esses cestos e "capturam" todo tipo de bactéria em suas pernas e exoesqueleto.”
Para a professora de microbiologia da UERJ, Vânia Merquior, 46, a escolha não deve ser feita por preocupação com a saúde. "A contaminação da lixeira não é significativa em termos microbiológicos." Ela explica que as bactérias sobrevivem só por algumas horas e que elas não circulam no ambiente se estiverem no cesto, como acontece, por exemplo, ao se dar descarga com a tampa aberta. "Mas se você jogar o papel no vaso sanitário, há mais chances de evitar o manuseio desse lixo por um terceiro", diz.

Ainda assim é meio nojento imaginar a mesma formiguinha passeando pelo lixo e depois em cima do bolo de chocolate, né?

Mas e a sustentabilidade? E o entupimento? Lembramos que o Brasil é um dos únicos países que adotam a prática de jogar o papel higiênico na lixeirinha. Como arquiteta, a Mirian, autora deste blog, sabe que principalmente em prédios de apartamentos é quase impossível entupir por causa da pressão da água. Mas vamos aos especialistas:

Se o bairro onde você mora tem tratamento de esgoto, jogue o papel no vaso sanitário. “O papel higiênico – tanto faz se mais fino ou mais grosso – vai ser parcialmente dissolvido na água e o que chegar à estação de tratamento será separado e descartado em um aterro sanitário junto com os demais resíduos sólidos”, explica Hélio Padula, gerente de serviços da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). “A pessoa só não pode exagerar na quantidade de papel por vez para evitar entupir o vaso ou as instalações hidráulicas da casa”, diz. Se for jogado no cesto de lixo, o papel também vai parar no aterro, porém, por ser embalado em sacos plásticos, seu impacto ambiental é maior – plásticos, como se sabe, levam décadas para ser decompostos na natureza.

Caso sua cidade não conte com uma rede coletora de esgoto ou uma estação de tratamento (para se informar disso, ligue para a concessionária de esgoto local), jogue o papel higiênico no lixo do banheiro. Quando lançado no vaso, ele entope mais rapidamente a fossa séptica (tanque enterrado no jardim ou quintal da casa para onde vai o esgoto doméstico quando não há rede coletora). Ao mesmo tempo, aumenta a poluição das águas, já que o esgoto de cidades sem estação de tratamento é despejado in natura em rios ou no mar. Fraldas, absorventes higiênicos e camisinhas devem ser jogados no lixo.

"O mundo inteiro joga o papel no vaso sanitário. Só aqui temos esse hábito do jogar na lixeira", diz Pedro Alem, 64, professor do departamento de engenharia hidráulica e sanitária da Poli-USP. "Possivelmente, nos lugares onde há avisos para não jogar no vaso, é porque as pessoas não devem jogar só papel", diz.

Se mesmo depois disso, você achar que o seu banheiro vai entupir, que a formiga não vai contaminar a sua comida e que é problema do terceiro se ele vai manusear o seu lixo, a melhor forma seria não ter sacos plásticos de jeito nenhum, nem no lixo do papel higiênico. Não parece muito limpo, mas a privada também não é descartável - nós a limpamos certo? O cesto pode ser limpo também. Uma outra opção seria usar os sacos de papel - o passo-a-passo de como fazê-los está no post de 09/05. Dá pra usar jornal, papel de embrulho, qualquer coisa. Caso você não tenha saco (sem trocadilhos) para fazer o saquinho de papel, acabamos de achar um post de um saquinhos de designers italianos. Vale a pena descobrir alternativas similares ou locais que vendam o produto por aqui:








Lembrando que papel é um dos resíduos menos graves de ser aterrado - ele se decompõe com certa rapidez. Então não faz sentido produzir plástico para eliminar papel.

13 May 2011

O leitor, as sacolinhas e o Greenwashing do Walmart


Mesmo antes da decisão do governo do estado de abolir as sacolinhas de plástico até janeiro de 2012, o Walmart da São Judas tinha um caixa preferencial para as pessoas que não usam sacolas e que ganham um desconto por serem pessoas conscientes em relação ao meio ambiente. Uma atitude que parece ser tão consciente por parte de um grande supermercado, na verdade, não passa de Greenwash ou Verniz Verde, assunto que nós retomaremos aqui nesse blog. E, para entendermos melhor o que é isso, vamos ao depoimento e fotos de Daniel Okubo:

“Fui ao caixa preferencial para pessoas que não usam sacolinhas conforme indica a placa verde (uma outra placa indicava o desconto para quem optasse por isto). O caixa preferencial não estava aberto e fui ao SAC pedir que eles o abrissem. Fui informado que o supermercado não iria abrir porque não tinha ninguém disponível, mas que mesmo assim, eu poderia passar em qualquer outro caixa. Passei no caixa comum, informei que não usaria as sacolinhas e, no final, não aplicaram o desconto, pois eu precisava ter passado no caixa exclusivo para ter o benefício.





Liguei no SAC Central e me informaram que eu teria o desconto independentemente do caixa em que eu passasse, mas aí, o desconto já não tinha sido aplicado. Na semana seguinte, tentei fazer a mesma coisa, porém, viram que era eu e me passaram na frente de outras pessoas (o que foi constrangedor) para que eu não criasse um "barraco".

Deram o desconto, mas percebe-se que foi tudo forçado.

Essa semana estive lá novamente e, com a nova lei, acho que tiraram a placa de desconto, pois não a vi. O desconto me foi dado assim mesmo e o caixa exclusivo estava funcionando, porém, qualquer pessoa podia utilizar, nada de exclusivo.”


O Walmart tem um site muito bem feito sobre sustentabilidade e, no próprio site, eles declaram que têm um grande diferencial: o caixa Eco, citado pelo Daniel. Mas, se o caixa Eco não funciona, de que adianta toda essa campanha? Tá certo que as pessoas não devem usar sacolinhas de plástico por causa dos descontos, mas porque têm consciência, porque sabem que é ruim e, se não sabiam, já leram o blog e foram convencidas a não usar. Principalmente para coisas que podem e devem ficar soltas no porta-malas como as bebidas comprados acima. Então, que a Walmart não declare o seu GRANDE DIFERENCIAL que é um caixa vazio e que não funciona, além da total falta de respeito com o consumidor. E, eu duvido muito que os centavos economizados pelo consumidor em não utilizar a sacolinha não devem estar embutidos no preço dos produtos.


O Walmart também tem as chamadas loja ecoeficientes todas de madeira e verdinhas. O que o Walmart não conta é que eles utilizam muito mais energia do que as tais lojas ecoeficientes vão economizar. Eles pretendem diminuir 2.5 millhões de toneladas cúbicas as emissões de CO2 e, em 2007, as lojas que foram construídas vão emitir 1 milhão de toneladas cúbicas a mais. Ou seja, em 2013, continuando nesse ritmo, o Walmart vai cortar 2.5 milhões, mas vai adicionar 28 milhões em suas emissões. E o grande diferencial do caixa Eco não funciona.


Acho que você já entendeu o que é Greenwashing. É claro que é inevitável irmos ao supermercado e fazermos compras e você pode ter mil motivos para ir ao Walmart. Só não vá ao Walmart porque ele é verde.


E, por último, uma charge sobre Greenwashing.






9 May 2011

Sobre as sacolinhas...

Estava prevista para hoje a assinatura de um acordo entre o governo do estado e a Associação Paulista de Supermercados (Apas) para que as bolsas plásticas deem lugar a uma versão biodegradável, feita de amido de milho que, segundo o fabricante, demora 120 dias para se decompor. Embora não tenha caráter de lei, a regra conta com apoio de pesos-pesados do setor, como o Grupo Pão de Açúcar, o Carrefour e o Walmart. Segundo a Veja São Paulo desta semana, ninguém em sã consciência há de questionar a importância que a medida tem para o meio ambiente, principalmente diante do fato de que, no Brasil, são usadas por ano 135 milhões de sacolas.

Mas, antes, precisamos esclarecer as diferenças entre os plásticos, pois, como não poderia deixar de ser, vou ser estraga prazeres de novo e dizer que não existe plástico 100% sustentável. Segue um resumo dos diferentes tipos de plásticos (baseado em reportagem da Revista Época).

O plástico “verde”

É feito de cana-de-açúcar e foi desenvolvido no Brasil pela Braskem (http://www.embalixo.com.br/novo/).

Sua vantagem é usar uma matéria-prima que não se esgota. E captar carbono da atmosfera durante o crescimento da planta, o que teoricamente é bom para o clima do planeta. A Coca Cola colocou plástico “verde” em parte dos materiais usados para fabricar suas garrafas PET. A cana pode ser plantada em exaustão, mas tem um limite: a ampliação de seu cultivo toma terras que poderiam ser usadas para produzir alimento. E o plástico verde não é biodegradável.



O oxidegradável

Você já deve ter ouvido falar dele. Milagrosamente, ele dissolveria com a ação do tempo. É pura propaganda enganosa. Este plástico é feito a partir do petróleo e leva aditivos oxidantes que aceleram sua degradação. Ao contrário do que promete, ele não é biodegradável. Simplesmente se transforma em micro partículas. Vira pó. Seus fragmentos são carregados pelo ar. Vão parar nos rios, lagos e oceanos. Seu impacto talvez seja o maior de todos – principalmente por não ser percebido.

O de petróleo

Em sua fabricação, emite gases que contribuem para o aquecimento do planeta. Estima-se que este tipo se degrada no solo só depois de 400 anos. Ele virou vilão do meio ambiente, porque vai parar nos oceanos, asfixia golfinhos e tartarugas marinhas. Há uma ilha de plástico no meio do Oceano Pacífico. Ela tem uma área duas vezes maior do que a dos Estados Unidos. As sacolinhas chegam ali com as correntes marítimas.

O de milho

Este é o plástico do momento citado acima. Ele é feito à base de amido de milho, uma matéria-prima renovável e biodegradável. Na teoria, vira adubo quando enterrado. Mas, na prática, seu descarte é mais complicado. Precisa ser mandado para aterros específicos (com microorganismos especiais, luz, temperatura e reator adequados) para garantir a decomposição em um prazo máximo de 180 dias.

O reciclado

Uma alternativa ao plástico de petróleo é a sacola reciclada, feita a partir de materiais plásticos recicláveis. Sua vantagem é que ele não usa mais recursos não renováveis na produção. A desvantagem é no momento do descarte: ele tem os mesmos impactos ambientais do saquinho tradicional.


Agora que você já sabe a diferença entre elas, ainda deve estar se perguntando o que fazer com o lixo. Na realidade, seguindo a filosofia dos 3Rs (reduzir, reutilizar e reciclar) a pergunta mais correta seria: o que fazer com o lixo orgânico? Logo teremos um post sobre práticas comuns do dia-a-dia para reduzir o lixo doméstico, mas vamos aos 3Rs da sacolinha para ajudar na escolha.


REDUZIR
Então, se temos que reduzir, a ideia é carregar as tais sacolinhas reutilizáveis para fazer as compras. Ou, para as meninas, com a moda das maxi bolsas, dependendo do que você for comprar e não tiver a tal da sacolinha, dá pra colocar o produto adquirido na bolsa facilmente.
Aí vêm os homens dizer: mas eu não uso bolsa... Que tal carregar na mão (dependendo do produto, é lógico!) ou ter uma sacolinha reutilizável no carro?



Tá, você estava na rua, saiu sem a sacolinha e precisa fazer uma compra grande no supermercado. Se tiver de carro, porque não deixar tudo solto no carrinho, colocar no porta-malas tudo solto e levar para casa? Lá você deve ter a sacolinha reutilizável (a que você esqueceu em casa) para ajudá-lo a carregar as coisas para dentro de casa (para quem mora em prédio, sempre tem o carrinho do condomínio). Ou peça caixas de papelão, muitos supermercados disponibilizam as caixas e você pode utilizá-la depois para colocar o lixo.
Ok, não teve jeito mesmo, você saiu a pé, esqueceu a sacola e teve que pegar as tais sacolas. Se você for comprar várias coisas em lojas diferentes, junte tudo na sacola da primeira loja. Prefira sacolas grandes nas quais você possa colocar o lixo e coloque o máximo de coisas dentro delas. E isso vale tanto para as sacolinhas plásticas como para as sacolinhas de amido de milho, porque, afinal, não é porque elas teoricamente se decompõem mais facilmente que você vai ficar desperdiçando, não é?

REUTILIZAR
O site da Plastivida (dos fabricantes das sacolas de plástico) dá ideias para a reutilização, que podem ser feitas com qualquer dos tipos de sacolinha acima. A conclusão é que, se você não quebra os braços e pernas frequentemente ou não tem muita indisposição, a melhor forma de reutilizar as sacolinhas é usá-la para mais compras (que somente uma) ou utilizar como saco de lixo mesmo, mas e aí?


Aí que, se utilizamos as sacolinhas para colocar o lixo, a sensação é até de alívio, afinal, parece que o problema não é mais nosso, pois reutilizamos as tais sacolinhas. Então, voltamos à história do ciclo dos materiais e que devemos pensar no material desde a extração, produção, uso, descarte e decomposição.


Extração e Produção
Uma pesquisa inglesa mostrou que a produção de sacolinhas plásticas é mais sustentável que as sacolinhas de papel ou sacolas de algodão. De qualquer maneira, é fato que, o algodão e o papel (reciclado ou não) vêm de fontes renováveis e, mesmo que a energia de produção dessas sacolinhas seja maior que a das sacolinhas de plástico, a própria pesquisa diz que as sacolas reutilizáveis devem ser reutilizadas mais de 100 vezes para valer a pena. Então, nada de ter quinhentos tipos de sacola reutilizável, e sim as necessárias para fazer as compras. Não encontrei dados comparativos entre a energia gasta na produção das sacolas de plástico oxibiodegradável, de milho ou de cana-de-açúcar.

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Descarte e decomposição
O plástico leva 300 anos para se decompor e o brasileiro utiliza uma média de 66 sacolas por mês. Duvido, mas duvido mesmo, que você ou eu tenhamos tanto lixo para encher as 66 sacolas por mês.
Mesmo que tivéssemos existem as alternativas da sacola oxi-biodegradável ou a de amido de milho citada acima. As duas, em teoria, se degradariam, mas já vimos que a oxi-biodegradável parece que causaria um perigo maior e a de milho tem que ser descartadas nos lugares certos. Aí eu me pergunto se os supermercados vão ser responsáveis pelo recolhimento das sacolinhas.

RECICLAR
Tá, então, se não há solução, se o mundo vai ficar entupido de sacolinhas de plástico, porque então não reciclamos a sacolinha?
Para os plásticos em geral, existe a reciclagem química, a mecânica e a energética e existe uma lista de coletores no site da Plastivida. O que se diz no site é que eles recolhem plásticos, mas não sei se necessariamente recolhem as sacolinhas.
O que sempre temos que lembrar é que não é porque um produto é reciclável que ele é necessariamente "ecológico" ou "sustentável". A reciclagem é uma atividade econômica como outra qualquer e para que um produto seja realmente reciclado, deve ser economicamente viável. A reciclagem também pode gastar colossos de energia, e, geralmente para os plásticos, o que ocorre não é a reciclagem mas o downcycling quando o plástico é convertido em um plástico de pior qualidade e por isso os novos produtos feitos com ele geralmente são mais tóxicos e não podem ser utilizados para alimentos (veja mais sobre downcycling no post da Coca-cola).

E ENTÃO?
Então, já deu para entender que não existe consumo sustentável, mas, se pesquisarmos, podemos ser menos prejudiciais ao meio ambiente.

E, voltando a pergunta inicial: onde colocar o lixo? Aí segue uma reportagem do blog da Gisele Bundchen:

O lixo seco, hoje, é basicamente composto por materiais recicláveis. Esses podem e devem ser separados e encaminhados à reciclagem. Aqueles que têm coleta seletiva em seus bairros, ou observam catadores de recicláveis trabalhando, ou, ainda, têm a possibilidade de levar seus recicláveis para uma estação que os destina para a reciclagem, podem separar seus recicláveis em caixas (ou mesmo sacos grandes), depositá-los e reutilizar as caixas ou sacos em outras viagens. É sempre interessante observar como esse novo hábito vem sendo criado em outros países. Com o lixo orgânico, infelizmente, no Brasil, não temos alternativa ainda: ele precisa estar acondicionado em um saco plástico. Mas observem que, ao usar sacos plásticos só para lixo de cozinha e de banheiro, sem acondicionar peças grandes como embalagens em geral, já reduzimos significativamente a quantidade de sacos necessários. Se houver a possibilidade, sugerimos a compra de sacos de lixo feitos de material reciclado (que retiram plástico da natureza) ou biodegradáveis.

Ou, como sugere a matéria da folha, sobre as sugestões de alternativas às sacolas plásticas :
De acordo com o Instituto Akatu, que defende o consumo ambientalmente consciente, uma opção é comprar sacos plásticos recicláveis de lixo. Aqueles de cor preta, à venda em todo o comércio.

Como o plástico demora séculos para parar de poluir o ambiente, jogar plástico dentro de plástico, prática comum, é uma espécie de crime ambiental, segundo os especialistas.

Nesse caso, a solução é usar sacos feitos com dobradura de jornal. No caso de lixo orgânico, basta colocar dois ou três sacos de papel para fazer com que o lixo não vaze.


1. Faça uma dobra para marcar, no sentido vertical, a metade da página da direita e dobre a beirada dessa página para dentro até a marca, e assim terá um quadrado;

2. Dobre a ponta inferior direita sobre a ponta superior esquerda, formando um triângulo;

3. Dobre a ponta inferior direita do triângulo até a lateral esquerda;

4. Vire a dobradura e, novamente, dobre a ponta da direita até a lateral esquerda;

5. Para fazer a boca do saquinho, pegue uma parte da ponta de cima do jornal e enfie para dentro da aba que você dobrou por último, fazendo-a desaparecer lá dentro;

6. Sobrará a ponta de cima que deve ser enfiada dentro da aba do outro lado, então vire a dobradura para o outro lado e repita a operação;

7. Abra a parte de cima e você verá o saquinho pronto!

8. Agora é só encaixar dentro do seu cesto de lixo e abandonar de vez o saco plástico

Enfim, a decisão é nossa, de sempre nos informar e desconfiar de pesquisas ou notícias que só vêem um lado da história. Ah, e esse tópico vem a coincidir com o lançamento próximo do filme Bag it: is your life too plastic? do Michael Moore, cujo trailer já está disponível na internet. Espero que ele ajude também a compreendermos o nosso lugar no mundo...





Fontes: Planeta Sustentável, Plastivida, Gisele Bundchen