23 May 2011

A estraga prazeres e a escova de dentes


Fui chamada de estraga prazeres (no bom sentido) pela Lu (também autora deste blog) e pelo meu querido cunhado que me disse que eu tinha que escrever coisas mais positivas no blog. Desde então, fiquei procurando produtos que realmente expressassem "serem sustentáveis" sem ser menos pior, assunto que foi discutido no post sobre a coca cola.
Estou já há mais de uma semana procurando e, como estraga prazeres de plantão, não consegui achar um produto que eu não tivesse um ponto a criticar. Hoje, eu me deparei com um post do site Inhabitat sobre uma escova de dentes que poderia ser a solução dos meus problemas. E ainda, me lembrei de outro, que está aqui no rascunho do blog, mas que ainda não havia sido publicado, por falta de respostas por parte da Johnson & Johnson.
Nada mais apropriado: comparar escova de dentes que se dizem sustentáveis após o post do banheiro.
Então, o primeiro produto é a escova Eco Essencial da Johnson& Johnson que promete ajudar o seu bolso e a natureza, pois é eco de econômica e eco de ecológica.


A Johnson alega ser sustentável, pois o cabo da escova é 40% feito de material pré-consumo (materiais plásticos que sobram da produção de outros produtos da Johnson e que seriam descartados). Segundo eles, a escova foi desenvolvida para que a comunidade em geral reflita sobre a geração de resíduos e impactos ao meio ambiente. OK, eu refleti e enviei um email para eles, há mais de dois meses. Minhas perguntas foram: e do que são feitos os outros 60%? A escova foi feita de modo que fosse facilmente desmontável para que seus materiais fossem separados e reciclados? A Johnson, com sua preocupação ecológica, não tem um programa de recolhimento das escovas de dente?
Ninguém me respondeu até hoje, enquanto isso, deixo as escovas usadas para fazer faxina e depois disso, coloco no lixo reciclável, mas não sei se é possível reciclar as escovas de dentes.
Acho bárbara a ideia de usar material pré-consumo para as escovas, mas, se existe mesmo a preocupação da Johnson, acho que a empresa deveria se preocupar com o ciclo inteiro dos produtos que coloca no mercado, pois está sendo menos ruim. Ser menos ruim é o caminho, mas não a solução para os problemas.

E então, recebi o post comentado acima sobre a escova de dentes THIS.


O projeto da escova THIS é promover o Miswak (galho da árvore Salvadora persica utilizado pelos Islâmicos para limpar os dentes) como um substituto orgânico, biodegradável e portátil para a escova e pasta de dentes. Junto com o projeto, foi feita uma campanha online para que as pessoas doassem a escova THIS para uma pessoa de um país em desenvolvimento a cada compra.




E, como diz o texto dos criadores, às vezes, o design sustentável não significa criar novos objetos, mas promover, redesenhar ou ainda criar uma nova embalagem para um produto existente. Foi isso que o estudante de mestrado Leen Sadder fez. Provou que é possível ser bom, sem ser menos pior e também provou que eu não sou uma estraga prazeres sem causa.

E então, eu me pergunto: qual escova te fez pensar sobre a geração de resíduos e seu impacto no meio ambiente? A que tem "Eco" no nome ou a que simplesmente se intitula "Isso"?






4 comments:

  1. Miriam, gostei muito do texto.. provavelmente vc nao ira lembrar, mas no passado as marginais Tiete e Pinheiros eram tomadas de montanhas de lixo que as escavadeiras ficavam retirando dos leitos. Nesses montes de lixo tinha de tudo... fogao, sofa, saquinhos plasticos... mas o que tinha muito mesmo era pneu. Nos lixoes tambem haviam pilhas e pilhas de pneus. Pois bem, foi criada uma lei que obrigava os fabricantes e importadores a recolherem pneus usados a uma taxa proporcional a suas vendas que evoluia no tempo. Hoje vemos pneus jogados nos rios ou nas ruas?
    Por este motivo concordo com vc que as empresas deveriam se preocupar com o ciclo inteiro do produto, mas esta preocupacao so sera "pra valer" quando vira regra do governo...
    Se as empresas fossem obrigadas a trabalhar o ciclo completo dos seus produtos, estimulariamos muito mais a criarem produtos facilmente reciclaveis, sem contar que elas {as empresas} pensariam duas vezes antes de lancarem refrigerantes em embalagens "super minis" onde ha apenas um gole do produto e plastico suficiente para carregar 2 litros, ou latinhas de cervejas para 200ml de liquido.

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  2. Olá Gustavo, obrigada pelo comentário. Mas será que essa preocupação só seria pra valer quando vira regra do governo? E nós, consumidores? Será que não temos nenhum poder sobre isso? É claro, não podemos deixar de comprar pneu ou escova de dentes, mas podemos deixar de comprar refrigerantes em embalagens super minis. E, se não comprarmos, para que as empresas vão produzir?

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  3. Mirian,
    Me pergunto pq as empresas de escova de dentes não fazem um produto semelhante às escovas para quem usa aparelho ortodôntico. Você mantém o cabo e troca apenas a cabeça. Isso, aliado a outras questões como a reciclagem do elementos da cabeça seria interessante

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  4. Henrique, eu já me perguntei isso quando utilizava aquelas escovas movidas a pilha (ok, nada ecológico). De qualquer maneira, eu me lembro que era mais barato comprar uma escova nova com a pilha embutida, do que o refil (e a pilha) para a escova. Não consigo entender... O mesmo acontece com a gilete, e, é claro que as pessoas vão optar pela descartável.

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