27 Apr 2011
Falando em reaproveitamento...
Vejam o vídeo.
Pois bem. Já tem sua opinião formada sobre isso? Achou legal? Não legal? Eu tinha achado muito legal; meu pensamento foi "juntar gente criativa e boa vontade, é só isso que precisa. E a marca só sai ganhando". Até que comentei com a Mirian, co-autora deste blog e estraga prazeres nas horas vagas. Quer dizer, no bom sentido. A Mirian entende muito mais do que eu sobre a parte técnica da coisa toda, é aí que tudo ficou interessante. Este é o texto que ela me mandou:
"Tô me sentindo "a estraga prazer”, mas vamos lá:
Tava lendo o texto da coca-cola e me lembrei de um capítulo do livro Cradle to Cradle, vc já leu? Se tiver com tempo de ler, eu te empresto, é bem legal, bem escrito, mas acaba com o nosso mundo: http://www.mcdonough.com/cradle_to_cradle.htm
O livro é sobre uma mudança de processo industrial (o nome do livro inteiro é cradle to cradle, remaking the way we make things), escrito por um arquiteto e um químico que dão consultoria para a Nike e outras empresas para que elas se tornem menos ruins. Bom, aí tem um capítulo que chama Why Being “Less Bad” is no Good e fala exatamente dos 3Rs. Mas como reduzir não é o tema, vou dar uma resumida aqui sobre o reuso e a reciclagem.
“Encontrar ou descobrir produtos que reutilizem o “lixo” pode fazer as indústrias e os consumidores sentirem que algo bom está sendo feito para o meio ambiente, porque o reuso faz desaparecer pilhas de materiais que iriam para o lixo. Mas, em muitos casos, esses resíduos – e as toxinas e contaminantes que eles contém – são simplesmente transferidas de um lugar para o outro, fazendo com que, em alguns casos, fosse menos perigoso que esses resíduos fossem para o lixão.
Mas e a reciclagem? Quando os plásticos de garrafas são reciclados (na realidade são downcycled), eles são misturados com diferentes plásticos para produzir um plástico híbrido de menor qualidade, que podem se transformar em móveis. O alumínio das latas também é downcycled. As latas são feitos de dois tipos de alumínio: o corpo é composto de alumínio, liga de manganês com um pouco de magnésio, mais vernizes e tintas e o topo e o fundo é feito de ligas de magnésio e alumínio. Na reciclagem convencional é tudo derretido resultando em um produto mais fraco e menos útil.
Mas e daí se a coca-cola achou usos para esses produtos mais fracos? Aí que vem a questão, o downcycling (acho que não tem tradução para o português) aumenta a contaminação da biosfera. As tintas e plásticos derretidos possuem toxinas como dioxinas. E então, como esses materiais são mais fracos, mais produtos químicos são adicionados para que eles se tornem úteis. Por exemplo, os plásticos quando derretidos e combinados, têm as suas cadeias encurtadas e as suas propriedades (elasticidade e resistência) alteradas e ao adicionarem mais aditivos minerais, o plástico reciclado é mais tóxico que o plástico virgem.
O uso desses materiais downcycled é equivocado, apesar das boas intenções. Por exemplo, as pessoas podem achar que estão fazendo uma escolha ecologicamente correta ao usarem camisetas feitas com fibras de garrafas PET. Mas essas fibras contêm toxinas tais como antimônio, resíduos de catalizadores, estabilizadores de ultravioleta, plastificantes e antioxidantes que nunca foram criados para serem utilizados próximos a pele humana.
E então, o mundo acabou né? Aff
A plant bottle que a coca cola usa, não é o melhor dos mundos, mas já é uma iniciativa na direção de um ciclo fechado, que seja do berço ao berço que é o título do livro (o ciclo atual da indústria é o cradle to grave). Seria muito melhor se a coca-cola investisse nisso do que se fizesse esse tipo de iniciativa que é um equívoco, quando a faz parecer super ecológica, é boa para a marca e dá um maior impacto que a plant bottle. E ela está sendo menos ruim, o que não é bom..."
Achei esse texto todo da Mirian fantástico. Como ela mesma disse, as pessoas precisam saber. Eu não sabia e tinha caído direitinho no conto da empresa bacana, que faz uma loja inteira dedicada à reciclagem. E aposto que muitas outras pessoas também acharam legal. Os produtos reciclados muitas vezes tornam-se perigosos pelos produtos químicos que contém. A Mi, por exemplo, tem uma alergia estranha: a jornal. E isso acontece porque o papel reciclado usado na sua impressão vem com toneladas a mais de tóxicos do que o papel virgem.
Isso tudo faz com que, cada vez mais, eu tenha a certeza de que, dos três "R"s, "recusar" é o fundamental. Quanta coisa a gente tem sem precisar? Quanta embalagem - e sacolinha! - você aceita todos os dias sem pensar que poderia criar uma nova forma de condicionamento para a maioria das coisas que compra?
Minha dica: ande com uma bolsa muito grande. Sacolinha de farmácia, pequenas compras no supermercado, banca de jornal e padaria já não existem há tempos na minha vida. Tem dica tb? Manda pra gente! Embalagem não, obrigada!
Apple: empresa de tecnologia menos verde
Nota da coautora deste blog: Me espanta, em pleno ano de 2011, empresas do porte da Apple ainda não entenderem o tamanho da responsabilidade que têm nas mãos. Assim como celebridades (bem, nem todas) são capazes de entender que dão exemplo, que inspiram as pessoas, que são imitadas e que por isso seu comportamento carrega uma enorme responsabilidade, as "empresas-celebridades" - e a Apple é talvez o melhor exemplo dessa categoria - precisam abraçar isso e até usar a seu favor. É mais do que obrigação uma empresa desse porte dar o exemplo e recolher os aparelhos antigos quando lançar uma nova versão. Não entendo por que isso ainda não foi exigido por lei, mas tá aí a oportunidade de tomar uma atitude e mostrar que é bacana, que tem visão, e assim conquistar ainda mais consumidores, sem precisar esperar uma lei que a obrigue a fazer.
Ser sustentável não significa esquecer todo o conhecimento adquirido pela sociedade até os dias de hoje, muito pelo contrário. Acredito em uma era em que esse conhecimento será, finalmente, usado para o bem, para a reconstrução do nosso planeta, ao invés de destrui-lo. Já existe a tecnologia necessária para reaproveitamento total de produtos eletrônicos pelas fábricas. O que não existe, infelizmente, é a vontade de usá-la.
Tá mais do que na hora da Apple e das suas companheiras fabricantes de eletrônicos começarem a recolher os produtos antigos. Responsabilidade é isso!
22 Apr 2011
22 de abril, sexta-feira santa, dia do descobrimento do Brasil e dia da Terra!
11 Apr 2011
Foto da Paula
Orgulho! :)

A alergia e a História dos Cosméticos

8 Apr 2011
Reuso no design
Alguns artistas já (re)utilizam materiais em suas criações e, de tanto procurar esse tipo de arte, já fiquei bem mais criativa para inventar coisas em casa. Encontramos dois sites recentemente que mostram bem isso. Vejam e inspirem-se!
Estas luminárias, por exemplo, foram feitas de latas de café. Só chamar um eletricista que ele faz a transformação:

Estas, grandiosas, são de lanternas de carros e olhos de gato de bicicletas:

Vcs acreditariam que estas maravilhas são feitas de materiais usados? Pois são: feitas com óculos de grau (a da esq) e armações vintage (as da direita), impressionam pela beleza.

E um exemplo mais simples e muito útil aqui: aquelas garrafinhas que tanto trazemos para a casa viraram porta-lápis super práticos.

Deu pra se inspirar?
Fontes: Greenvana e Craft.
People's Supermarket
Saiu na Super deste mês uma matéria que chamou bastante a minha atenção. Fala sobre o People's Supermarket, um supermercado em Londres (onde mais?) em que os próprios clientes trabalham como caixas, faxineiros e balconistas em troca de bons descontos nos produtos. A lógica é simples: sem precisar pagar funcionários, o estabelecimento consegue baixar o preço dos produtos.
Para não virar bagunça, as pessoas interessadas pagam uma taxa anual equivalente a R$ 70 e se comprometem a trabalhar 4 horas por mês no supermercado. Os descontos podem chegar a quase 50% e mais de 500 clientes - de estudantes a empresários - já estão colaborando. A loja, que não tem fins lucrativos, acaba promovendo muito mais do que descontos: as pessoas interagem, fazem amizades e entendem melhor o funcionamento do lugar, além de conhecer melhor os alimentos que consomem e sua origem. Elas podem também opinar na parte administrativa, escolhendo produtos para ser vendidos na loja, por exemplo.
E tem mais: o supermercado negocia diretamente com produtores locais, o que ajuda a baixar os preços e garantir produtos frescos e mais amigos do meio ambiente. Aceita, também, alimentos que seriam recusados por outras lojas, como legumes pequenos demais. "O desperdício é um grande problema na indústria alimentícia. Eu quero que o meu supermercado seja o mais sustentável do mundo", diz o chef inglês Arthur Potts, criador do People's Supermarket.
Eu adorei. E trabalharia uma hora por semana numa loja assim fácil, fácil. E vocês?
6 Apr 2011
A História das Coisas, Annie Leonard

4 Apr 2011
A virada sustentável
Em algumas rodas as pessoas já tomam importantes atitudes: andam de bicicleta, recusam sacolas, sacolinhas e sacolões, evitam a compra de produtos cujas embalagens não são recicláveis, deixam o carro na garagem quando podem. Mas isso sou eu e uma pequena parcela de conhecidos meus. Basta ampliar o campo de visão para ver que, em geral, o povo brasileiro ainda é pouquíssimo consciente.
Por isso tudo, a virada sustentável é uma grande oportunidade de ampliar o público do tema e dar um empurrão para que as coisas passem a ser mais rápidas por aqui: mais pessoas conscientes significam mais pessoas cobrando transporte público decente, menos carros, menos trânsito, menos poluição, menos geração de lixo... enfim, uma vida melhor.
Agora, uma virada sustentável deveria... bem, ser sustentável. Certo? Mas de acordo com o próprio site do evento , as atrações serão "peças de teatro, sessões de cinema, instalações temáticas, instrevenções artísticas, oficinas, shows de música, de dança, performances, exposições e muito mais". Além do descritivo estar beeem genérico, tudo isso me lembrou muito a virada cultural, e tive bastante dificuldade para entender onde está a parte da sustentabilidade.
Talvez seja apenas uma falha de descrição. Mas na minha opinião, isso já deveria estar sendo dito desde o começo. Não deveriam estar poupando energia, ao invés de gastá-la com shows musicais e sessões de cinema? Se a ideia é usar alguma fonte renovável, placas solares ou afins, muito legal! Mas contem isso pra gente.
E o material de divulgação? Será que vai ser feito de papel, milhares deles, folhetos que serão jogados pelo chão ou até quem sabe colocados em latões para reciclagem mesmo, mas impossibilitados de ganhar nova vida porque terão impressão em tintas tóxicas?
Se me permitem sugerir, que tal um espaço com bicicletas para doação, onde as pessoas que se interessem possam adotar uma magrela e receber instruções de segurança de pessoal capacitado?
Quem sabe piqueniques com produtos verdadeiramente naturais, mostrando às pessoas na prática que há uma forma de consumir alimentos gostosos sem a necessidade de mil embalagens?
O bloqueio de pistas (nas ruas) para que as pessoas chegassem até os locais do evento a pé ou de bike seria, no mínimo, coerente. Será que isso vai acontecer, ou será que haverá tumulto nos estacionamentos, que cobrarão fortunas para guardar os carros das pessoas enquanto elas curtem um belo show?
A minha impressão é que as pessoas ainda não entenderam que sustentabilidade é MENOS, e não mais. As verdadeiras atitudes estão em recusar o gasto de energia, recusar produtos se estes não forem necessários, reduzir o consumo. Criar um grande evento, que gera gasto de materiais, de energia, de transporte, para celebrar a sustentabilidade, me parece um tanto incoerente.
Mais uma vez: a ideia do evento é excelente no sentido de gerar conscientização do grande público para este tema. Estamos de olho e ansiosas é para entender o que exatamente vai acontecer nela, quais são os objetivos, que tipo de benefício vai trazer para a comunidade paulistana. Não se trata nem de só não gastar (dinheiro, energia, materiais), mas também do que será poupado com ela, o que será reaproveitado na sua realização. Vamos ficar de olho!
O primeiro post
Fiquei um tempão pensando e escolhendo entre muitas coisas que queria divulgar nesse blog. Ao ler a crônica do Walcyr Carrasco intitulada Luz Acesa, percebi que fazia muito sentido relacioná-la com uma notícia sobre nanotecnologia e que tudo isso tinha a ver com a ideia desse blog.
Aparentemente, uma coisa não tem nada a ver com a outra e muito menos com o título desse blog. A ideia de que o próprio coração humano poderá, no futuro, fornecer energia para equipamentos eletrônicos pode parecer oposta ao que o Walcyr Carrasco diz: "Minha casa será à antiga, mas não correrei o risco de ficar com as cortinas emperradas porque o motoriznho quebrou".
Se o coração humano pode carregar um Ipod, porque as nossas mãos não podem abrir as cortinas ao invés de serem acionadas por controle remoto? A conclusão é que a tecnologia pode nos ajudar a ser mais "verdes", "sustentáveis" ou qualquer outro nome que possamos dar a uma vida menos cheia de "coisas", mas que mantenha o nosso conforto e sem esquecermos da tecnologia. Afinal, podemos prestar atenção e não esquecermos de apagar a luz, mas não economizaríamos energia sem tecnologias como a de células fotovoltaicas ou o aquecedor solar.
Sou arquiteta e me especializei em edificações sustentáveis, e, por isso, acredito que a simples observação e análise, aliada à pesquisa e tecnologia (quando necessária) podem resultar em objetos, casas, edifícios e cidades que tragam um menor impacto ambiental e, citando um dos conceitos de sustentabilidade, não comprometam o desenvolvimento das gerações futuras.
Mas, e a sacolinha? A sacolinha é um símbolo do consumo e o convite a um teste: se você ainda pega sacolinha até na farmácia quando vai comprar uma aspirina, tente não pegar e veja como é estranho e a cara que o vendedor vai te fazer. Por causa de uma simples sacolinha de plástico que provavelmente vai pro lixão depois de 5 minutos de uso.
Pretendemos aqui compartilhar as nossas descobertas (boas e ruins) sobre assuntos do nosso cotidiano pois não queremos que, como diz a crônica:
"Em nome de pequenos confortos, não abdicamos de todos. As pessoas (não excluindo as autoras desse blog) se acomodam. E fogem da responsabilidade, mesmo mínima, na preservação do meio ambiente."
"Sinto que começo a entender meu lugar no mundo. Não posso resolver todos os problemas da Terra. Mas sim viver de forma positiva. E com uma vantagem extra: vou emagrecer um pouco mais."
É o que esperamos desse blog: que todos comecem a viver de forma positiva (e se quiser emagreçam, rs) e colaborem!