27 Apr 2011

Falando em reaproveitamento...

Bem. Estava eu ainda pensando na Apple e na sua total ausência de atitude com relação aos produtos que coloca no mundo quando dei de cara com o vídeo abaixo, que mostra uma loja da Coca-Cola recém aberta em Israel. O estabelecimento oferece bolsas, enfeites, bijuterias e até roupas, todas feitas com embalagens recicladas da bebida. Ah, e as pessoas podem também levar as suas embalagens e ganhar descontos nos produtos.

Vejam o vídeo.



Pois bem. Já tem sua opinião formada sobre isso? Achou legal? Não legal? Eu tinha achado muito legal; meu pensamento foi "juntar gente criativa e boa vontade, é só isso que precisa. E a marca só sai ganhando". Até que comentei com a Mirian, co-autora deste blog e estraga prazeres nas horas vagas. Quer dizer, no bom sentido. A Mirian entende muito mais do que eu sobre a parte técnica da coisa toda, é aí que tudo ficou interessante. Este é o texto que ela me mandou:

"Tô me sentindo "a estraga prazer”, mas vamos lá:
Tava lendo o texto da coca-cola e me lembrei de um capítulo do livro Cradle to Cradle, vc já leu? Se tiver com tempo de ler, eu te empresto, é bem legal, bem escrito, mas acaba com o nosso mundo: http://www.mcdonough.com/cradle_to_cradle.htm
O livro é sobre uma mudança de processo industrial (o nome do livro inteiro é cradle to cradle, remaking the way we make things), escrito por um arquiteto e um químico que dão consultoria para a Nike e outras empresas para que elas se tornem menos ruins. Bom, aí tem um capítulo que chama Why Being “Less Bad” is no Good e fala exatamente dos 3Rs. Mas como reduzir não é o tema, vou dar uma resumida aqui sobre o reuso e a reciclagem.
“Encontrar ou descobrir produtos que reutilizem o “lixo” pode fazer as indústrias e os consumidores sentirem que algo bom está sendo feito para o meio ambiente, porque o reuso faz desaparecer pilhas de materiais que iriam para o lixo. Mas, em muitos casos, esses resíduos – e as toxinas e contaminantes que eles contém – são simplesmente transferidas de um lugar para o outro, fazendo com que, em alguns casos, fosse menos perigoso que esses resíduos fossem para o lixão.
Mas e a reciclagem? Quando os plásticos de garrafas são reciclados (na realidade são downcycled), eles são misturados com diferentes plásticos para produzir um plástico híbrido de menor qualidade, que podem se transformar em móveis. O alumínio das latas também é downcycled. As latas são feitos de dois tipos de alumínio: o corpo é composto de alumínio, liga de manganês com um pouco de magnésio, mais vernizes e tintas e o topo e o fundo é feito de ligas de magnésio e alumínio. Na reciclagem convencional é tudo derretido resultando em um produto mais fraco e menos útil.
Mas e daí se a coca-cola achou usos para esses produtos mais fracos? Aí que vem a questão, o downcycling (acho que não tem tradução para o português) aumenta a contaminação da biosfera. As tintas e plásticos derretidos possuem toxinas como dioxinas. E então, como esses materiais são mais fracos, mais produtos químicos são adicionados para que eles se tornem úteis. Por exemplo, os plásticos quando derretidos e combinados, têm as suas cadeias encurtadas e as suas propriedades (elasticidade e resistência) alteradas e ao adicionarem mais aditivos minerais, o plástico reciclado é mais tóxico que o plástico virgem.
O uso desses materiais downcycled é equivocado, apesar das boas intenções. Por exemplo, as pessoas podem achar que estão fazendo uma escolha ecologicamente correta ao usarem camisetas feitas com fibras de garrafas PET. Mas essas fibras contêm toxinas tais como antimônio, resíduos de catalizadores, estabilizadores de ultravioleta, plastificantes e antioxidantes que nunca foram criados para serem utilizados próximos a pele humana.
E então, o mundo acabou né? Aff
A plant bottle que a coca cola usa, não é o melhor dos mundos, mas já é uma iniciativa na direção de um ciclo fechado, que seja do berço ao berço que é o título do livro (o ciclo atual da indústria é o cradle to grave). Seria muito melhor se a coca-cola investisse nisso do que se fizesse esse tipo de iniciativa que é um equívoco, quando a faz parecer super ecológica, é boa para a marca e dá um maior impacto que a plant bottle. E ela está sendo menos ruim, o que não é bom..."

Achei esse texto todo da Mirian fantástico. Como ela mesma disse, as pessoas precisam saber. Eu não sabia e tinha caído direitinho no conto da empresa bacana, que faz uma loja inteira dedicada à reciclagem. E aposto que muitas outras pessoas também acharam legal. Os produtos reciclados muitas vezes tornam-se perigosos pelos produtos químicos que contém. A Mi, por exemplo, tem uma alergia estranha: a jornal. E isso acontece porque o papel reciclado usado na sua impressão vem com toneladas a mais de tóxicos do que o papel virgem.

Isso tudo faz com que, cada vez mais, eu tenha a certeza de que, dos três "R"s, "recusar" é o fundamental. Quanta coisa a gente tem sem precisar? Quanta embalagem - e sacolinha! - você aceita todos os dias sem pensar que poderia criar uma nova forma de condicionamento para a maioria das coisas que compra?

Minha dica: ande com uma bolsa muito grande. Sacolinha de farmácia, pequenas compras no supermercado, banca de jornal e padaria já não existem há tempos na minha vida. Tem dica tb? Manda pra gente! Embalagem não, obrigada!

Apple: empresa de tecnologia menos verde

Tá, eu tenho um Iphone e estava pensando em comprar um Ipad. Mas acabei de ler que o Greenpeace nomeou a Apple como a empresa de tecnologia menos "verde" por usar carvão como forma de energia dos seus data centers.


Mas, o que mais me incomoda não é isso. É a questão da obsolescência programada: quase comprei um Ipad um mês antes do Ipad2 ser lançado. E eu ficaria muito chateada se eu tivesse comprado. Duvido muito que as novidades do Ipad 2 já não tinham sido pensadas quando o 1 foi lançado e é óbvio que a tecnologia para as tais novidades existiam na época.
Alguns vão dizer que a Apple trocou o Ipad das pessoas que compraram o velho até 30 dias antes do lançamento do novo. E o que será que foi feito com os Ipads "velhos"? Será que foram pro lixo? E porque o Ipad 1, já não tinha as novidades do 2 e do 3 que logo deve vir por aí?

Que fique bem claro, eu adoro os produtos da Apple, e acho que são bem pensados. Bem pensados até demais para um produto se tornar obsoleto em um ano ou menos. Acho que o Steve Jobbs já é rico o suficiente e não precisa disso, precisa?


Nota da coautora deste blog: Me espanta, em pleno ano de 2011, empresas do porte da Apple ainda não entenderem o tamanho da responsabilidade que têm nas mãos. Assim como celebridades (bem, nem todas) são capazes de entender que dão exemplo, que inspiram as pessoas, que são imitadas e que por isso seu comportamento carrega uma enorme responsabilidade, as "empresas-celebridades" - e a Apple é talvez o melhor exemplo dessa categoria - precisam abraçar isso e até usar a seu favor. É mais do que obrigação uma empresa desse porte dar o exemplo e recolher os aparelhos antigos quando lançar uma nova versão. Não entendo por que isso ainda não foi exigido por lei, mas tá aí a oportunidade de tomar uma atitude e mostrar que é bacana, que tem visão, e assim conquistar ainda mais consumidores, sem precisar esperar uma lei que a obrigue a fazer.
Ser sustentável não significa esquecer todo o conhecimento adquirido pela sociedade até os dias de hoje, muito pelo contrário. Acredito em uma era em que esse conhecimento será, finalmente, usado para o bem, para a reconstrução do nosso planeta, ao invés de destrui-lo. Já existe a tecnologia necessária para reaproveitamento total de produtos eletrônicos pelas fábricas. O que não existe, infelizmente, é a vontade de usá-la.
Tá mais do que na hora da Apple e das suas companheiras fabricantes de eletrônicos começarem a recolher os produtos antigos. Responsabilidade é isso!

22 Apr 2011

22 de abril, sexta-feira santa, dia do descobrimento do Brasil e dia da Terra!

No dia 22 de abril, foi comemorado o Dia da Terra nos Estados Unidos. O Dia da Terra foi criado pelo senador americano Gaylord Nelson em 1970. Eu não sabia disso, e nem sei se esse dia se comemora aqui. Acho que na realidade, as pessoas estavam mais preocupadas com o trânsito para ir para a praia ou em comer bacalhau, porque além de ter sido o dia do descobrimento do Brasil, foi sexta-feira santa.
De qualquer maneira, seguem dicas do que fazer para comemorar esse dia que já passou, mas as dicas valem para sempre.



10 pequenas e grandes coisas que podem ser feitas
(traduzido do site The Story of Stuff, com algumas adaptações para o Brasil)

Todos nós podemos promover a sustentabilidade e justiça em vários níveis. Mas, não existe uma solução simples, pois o conjunto de problemas que abordamos não é simples. Porém, podemos começar individualmente e entrar em contato com grupos para nos envolvermos em nosso bairro, em nossa cidade, estado ou país (o site The Story of Stuff tem uma lista de organizações americanas, pretendo fazer uma lista de organizações brasileiras). Essas organizações estão envolvidas em diversas campanhas para abordar problemas e propor soluções. E, nos juntando, podemos criar a dinâmica de uma mudança real. Então, navegue pelo site, envolva-se e divirta-se!

1. Desligue da tomada!
Uma grande parte dos recursos que usamos e do lixo que criamos está na energia que consumimos. Procure por oportunidades na sua vida para reduzir significativamente o uso de energia: dirija menos, voe menos, desligue as luzes, compre comida local e sazonal (a energia é utilizada na comida na plantação, na embalagem, no armazenamento de no transporte), abra a janela ao invés de ligar o ar condicionado, use o varal ao invés da secadora, use uma toalha ao invés do secador, férias mais próximas de casa, use coisas já utilizadas ou emprestadas antes de comprar novas e recicle. Todas essas coisas economizam energia e o seu dinheiro. E, se você puder mudar para uma forma de energia utilizando painéis solares na sua casa (ou convencendo o seu condomínio), bravo!

2. Menos lixo
A produção de lixo nos EUA (e provavelmente no Brasil) cada vez aumenta. Existem milhares de oportunidades de incentivar a cultura do lixo zero em sua casa, escola, escritório ou condomínio. Para tanto, precisamos desenvolver novos hábitos que logo se transformarão em nossa segunda natureza. Utilize os dois lados do papel, tenha uma caneca (ao invés de usar copos descartáveis) e tenha sacolinhas de compra reutilizáveis, use o refil do cartucho da impressora ao invés de comprar novos, faça compostagem de restos de comida, evite a água engarrafada (ou pelo menos compre uma garrafa menor e vá enchendo a sua garrafinha) e outros produtos com muita embalagem, faça upgrade do seu computador ao invés de comprar novos, repare ou conserte ao invés de substituir (esse item pode ser mais caro para o seu bolso, mas é mais barato para o meio ambiente)... A lista não tem fim! Quanto mais nos comprometermos visivelmente em reutilizar ao invés de gerar lixo, mais cultivaremos uma nova cultura, ou, na verdade, reinvidicaremos uma cultura antiga!

3. Fale sobre essas questões
No escritório, para os seus vizinhos, na fila do supermercado, no ônibus... Uma estudante uma vez perguntou ao Cesar Chavez (um ativista dos direitos humanos) como ele se organizava. Ele disse:
- Primeiro, eu falo com uma pessoa. Depois eu falo com outra pessoa.
E a estudante respondeu:
- Não. Como você se organiza?
E o Chavez respondeu:
- Primeiro, eu falo com uma pessoa. Depois eu falo com outra pessoa.

Você entendeu. Falar sobre essas questões sensibiliza, constrói uma comunidade e pode inspirar os outros a tomar uma atitude.

4. Seja ouvido
Escreva aos editores, mande artigos para a imprensa local, comente as histórias online... Individualmente, podemos influenciar a mídia para representar melhor sobre as questões sobre as quais nos preocupamos (o caso da Arezzo é um exemplo). Pela internet, podemos divulgar livros e filmes, entrevistas e artigos. Vamos divulgar as questões que nos preocupam.

5. Desintoxique o seu corpo, a sua casa e a economia
Muitos dos produtos consumidos hoje - dos pijamas infantis aos batons - contêm aditivos químicos tóxicos que simplesmente não são necessários. Pesquise online (por exemplo, no site do Cosmetic Data Base) antes de comprar. Assim, você vai ter certeza que não estará, sem saber, introduzindo tóxicos na sua casa ou no seu corpo. E então, conte para os seus amigos sobre os tóxicos nos produtos consumidos. Pergunte para as empresas porque eles utilizam produtos tóxicos sem nenhuma etiqueta de aviso. E pergunte para os deputados porque eles permitem essa prática. A União Européia adotou uma política que exige que produtos tóxicos sejam retirados de muitos produtos. Então, enquanto nossos eletrônicos e cosméticos têm produtos tóxicos, os europeus podem comprar as mesmas coisas livres de produtos tóxicos. Vamos exigir o mesmo aqui. Tirar os produtos tóxicos da produção é o melhor caminho para assegurar que eles não cheguem às nossas casas, nem aos nossos corpos.

6. Desligue (a TV e a internet) e se ligue (na família , amigos, pessoas)
A grande maioria das crianças brasileiras passa 5 horas por dia assistindo à TV. 5 horas por dia cheios de mensagens sobre coisas que deveríamos comprar. Essas 5 horas poderiam ser aproveitadas com a família e com os amigos. Ativismo online é um bom começo, mas utilizar o tempo face a face com as pessoas fortalece a comunidade. Muitos estudos mostram que uma comunidade forte é a fonte de apoio social e logístico, mais segurança e felicidade. Você conhece o seu vizinho? As pessoas que moram no mesmo prédio que você? Uma comunidade mais forte é um ponto crítico parauma democracia forte e ativa.

7. Estacione o seu carro e ande... e quando necessário, EXIJA!
Políticas fundiárias e estilos de vida centrados no carro levam a maiores emissão de gases do efeito estufa, extração de combustíveis fósseis, conversão de terras agrícolas ou matas nativas em rodovias e estacionamentos. Dirigir menos e andar mais é bom para o clima, para o planeta, para a sua saúde e para o seu bolso. Mas, às vezes, nós não temos opção para deixar o carro porque não temos como usar a nossa bicicleta ou transporte público. Então, devemos exigir das pessoas que elegemos, enviando mensagens sobre o que queremos.

8. Troque as suas lâmpadas... e assim, mude o paradigma
Trocar as lâmpadas é fácil e rápido. As lâmpadas eficientes usam 75% menos energia e duram 10 vezes mais que as convencionais. Isso é fácil. Mas, trocar as lâmpadas é apenas tocar nas margens de um sistema falho a não ser que nós mudemos nosso paradigma. O paradigma é um conjunto de premissas, conceitos e valores que formam uma maneira que a comunidade tem de ver a realidade. O nosso paradigma atual diz que quanto mais coisas, melhor, que o crescimento infinito da economia é desejável e possível e que a poluição é o preço do progresso. Para realmente mudarmos as coisas, devemos nutrir um paradigma diferente baseado em valores de sustentabilidade, justiça, saúde e comunidade.

9. Recicle o lixo... e recicle os políticos que elegemos
A reciclagem economiza energia e reduz a geração de lixo e a pressão para produzir coisas novas. Infelizmente, muitas cidades ainda não tem um sistema de reciclagem adequado. Nesse caso, podemos encontrar alguns pontos de coleta enquanto pressionamos a prefeitura para um sistema de coleta de lixo seletivo. Ainda, muitos produtos, por exemplo, a maioria dos eletrônicos são projetados para não serem reciclados e contêm produtos tóxicos que deixam a reciclagem perigosa. Nesses casos, precisamos exigir que os políticos proíbam os tóxicos em produtos e promulgar leis de responsabilidade dos produtores (EPR), como está acontecendo na Europa. EPR é uma política que responsabiliza os produtores pelo ciclo de vida completo dos seus produtos, assim as companhias que utilizam produtos tóxicos em seus produtos têm que recebê-los de volta. Esse é um grande incentivo para que eles deixem de usar produtos tóxicos!

10. Compre produtos ecológicos, de comércio justo, locais, usados e mais importante: compre menos.
Comprar não é a solução para os problemas ambientais que nós enfrentamos atualmente, porque as mudanças reais que precisamos não estão à venda, nem mesmo na loja mais ecológica. Mas, quando compramos, devemos assegurar que nosso dinheiro apóie empresas que protejam o meio ambiente e os direitos dos trabalhadores. Olhe além da embalagem quando está escrito: "100% natural" para descobrir os fatos. É orgânico? É sem PVC super tóxico? Quando puder, compre produtos locais, de lojas locais, que deixam o nosso dinheiro nas comunidades locais. Comprar ítens usados, evita que eles virem lixo e evita o lixo gerado durante a extração e produção. Mas, comprar menos deve ser a melhor opção de todas. Menos poluição. Menos lixo. Menos tempo trabalhando para pagar as coisas. Às vezes, o menos é realmente mais.

11 Apr 2011

Foto da Paula

A Paula Camara, nossa leitora super engajada, lembrou da gente quando olhou para o porta-malas dela depois das compras do supermercado e tirou uma foto! Merece a publicação, não merece?

Orgulho! :)

A alergia e a História dos Cosméticos


Voltei do alergista na semana passada, quando fiz um patch test que é um exame chato para alergia de contato. Meu olho incha e desincha e ninguém sabe o que é. Conclusão: tenho alergia ao bálsamo de peru (que até parece uma coisa engraçada), mix de perfumes e sulfato de níquel (que eu já sabia, e achava até chique porque só poderia usar ouro ou prata).
Bom, a primeira pergunta que me veio à cabeça foi: e o que seria esse bálsamo de peru? O médico me explicou que as pomadas, produtos para bebês e mais um monte de coisas eram produzidas com o tal bálsamo. Após uma busca rápida no google, (por favor, médicos, químicos e pessoas de outras áreas afins, me corrijam se estiver errada) descobri que o bálsamo (Myroxylim balsamum) rico em ácidos benzóico e cinâmico. Mais duas procuradas no google, vi que o ácido benzóico, em contato com frutas, produz benzeno, o que não me parece algo muito bom para ser usado na pele.
Como nunca estudei química (a não ser no colégio), não sei o quanto isso pode ser verdade ou não: sei que meu olho incha e desincha, e o médico disse que 90% de chance de ser alergia à cosméticos (por causa do bálsamo do peru e o mix de perfumes). Ao ler as bulas de todas as coisas que uso e dar mais uma procuradinha na internet, descobri que, por lei, eles não são obrigados a revelar a fórmula (principalmente dos perfumes), então não sei se tem bálsamo de peru ou o quê, e talvez eu pare de usar tudo por causa disso.

Então, me lembrei de outro vídeo da Annie Leonard, A História dos Cosméticos, com legenda no You tube. Ao assistir de novo, fiquei mais preocupada ainda, não só com o bálsamo do peru, mas com todos os produtos tóxicos que eles colocam nos cosméticos. E isso, não preciso nem dizer, que tem tudo a ver com a sustentabilidade e o ciclo de vida de materiais.




E então, qual seria a solução? Parar de usar tudo? Tentar fazer uma campanha tipo a Campaign for safe cosmetics? Tentar achar algum político do bem que tente mudar as leis para as bulas (como fizeram com o glúten) ou alguém que vá mais além de tente impedir o uso de produtos tóxicos em cosméticos?
Bom, não tenho resposta para isso, mas achei um artigo na Isto é que talvez possa ajudar. Enquanto isso, meu olho incha e desincha...


8 Apr 2011

Reuso no design

A reutilização de materiais, quando acrescentada de uma dose de criatividade, é capaz de fazer milagres. A partir do momento em que a gente percebe que o lixo não desaparece quando vai pro cesto e passa a refletir sobre cada objeto descartado, fica muito mais fácil imaginar o que poderia ser feito dele - sem precisar jogá-lo no meio ambiente.

Alguns artistas já (re)utilizam materiais em suas criações e, de tanto procurar esse tipo de arte, já fiquei bem mais criativa para inventar coisas em casa. Encontramos dois sites recentemente que mostram bem isso. Vejam e inspirem-se!

Estas luminárias, por exemplo, foram feitas de latas de café. Só chamar um eletricista que ele faz a transformação:


Estas, grandiosas, são de lanternas de carros e olhos de gato de bicicletas:


Vcs acreditariam que estas maravilhas são feitas de materiais usados? Pois são: feitas com óculos de grau (a da esq) e armações vintage (as da direita), impressionam pela beleza.


E um exemplo mais simples e muito útil aqui: aquelas garrafinhas que tanto trazemos para a casa viraram porta-lápis super práticos.


Deu pra se inspirar?

Fontes: Greenvana e Craft.

People's Supermarket

the peoples supermarket logo

Saiu na Super deste mês uma matéria que chamou bastante a minha atenção. Fala sobre o People's Supermarket, um supermercado em Londres (onde mais?) em que os próprios clientes trabalham como caixas, faxineiros e balconistas em troca de bons descontos nos produtos. A lógica é simples: sem precisar pagar funcionários, o estabelecimento consegue baixar o preço dos produtos.

Para não virar bagunça, as pessoas interessadas pagam uma taxa anual equivalente a R$ 70 e se comprometem a trabalhar 4 horas por mês no supermercado. Os descontos podem chegar a quase 50% e mais de 500 clientes - de estudantes a empresários - já estão colaborando. A loja, que não tem fins lucrativos, acaba promovendo muito mais do que descontos: as pessoas interagem, fazem amizades e entendem melhor o funcionamento do lugar, além de conhecer melhor os alimentos que consomem e sua origem. Elas podem também opinar na parte administrativa, escolhendo produtos para ser vendidos na loja, por exemplo.

E tem mais: o supermercado negocia diretamente com produtores locais, o que ajuda a baixar os preços e garantir produtos frescos e mais amigos do meio ambiente. Aceita, também, alimentos que seriam recusados por outras lojas, como legumes pequenos demais. "O desperdício é um grande problema na indústria alimentícia. Eu quero que o meu supermercado seja o mais sustentável do mundo", diz o chef inglês Arthur Potts, criador do People's Supermarket.

Eu adorei. E trabalharia uma hora por semana numa loja assim fácil, fácil. E vocês?

6 Apr 2011

A História das Coisas, Annie Leonard


Enquanto escrevemos sobre o tão esperado post sobre as sacolinhas de plástico, gostaríamos de compartilhar uma das nossas inspirações: o vídeo da Annie Leonard. Podemos relacioná-lo com qualquer coisa, como o próprio nome diz, mas principalmente com atitudes cotidianas e processos de criação. No site, ainda tem muitos outros vídeos que vão servir de discussão para esse blog.
Em uma palestra na Uniban, já relacionei o assunto com as minhas casinhas de papel (outro assunto futuro para esse blog) e vai ser fácil para qualquer leitor desse blog fazer uma reflexão sobre as "coisas".
Quem ainda não assistiu, assista ... E não é pra ficar deprê (ou com falta de ar ao olhar à sua volta)! É pra refletir e desencadear uma mudança.

4 Apr 2011

A virada sustentável

Na primeira vez que ouvi sobre este evento, a impressão foi positiva. Afinal, gerar mais consciência e atitude é bom e necessário, e quanto mais esse conceito for popularizado, melhor.

Em algumas rodas as pessoas já tomam importantes atitudes: andam de bicicleta, recusam sacolas, sacolinhas e sacolões, evitam a compra de produtos cujas embalagens não são recicláveis, deixam o carro na garagem quando podem. Mas isso sou eu e uma pequena parcela de conhecidos meus. Basta ampliar o campo de visão para ver que, em geral, o povo brasileiro ainda é pouquíssimo consciente.

Por isso tudo, a virada sustentável é uma grande oportunidade de ampliar o público do tema e dar um empurrão para que as coisas passem a ser mais rápidas por aqui: mais pessoas conscientes significam mais pessoas cobrando transporte público decente, menos carros, menos trânsito, menos poluição, menos geração de lixo... enfim, uma vida melhor.

Agora, uma virada sustentável deveria... bem, ser sustentável. Certo? Mas de acordo com o próprio site do evento , as atrações serão "peças de teatro, sessões de cinema, instalações temáticas, instrevenções artísticas, oficinas, shows de música, de dança, performances, exposições e muito mais". Além do descritivo estar beeem genérico, tudo isso me lembrou muito a virada cultural, e tive bastante dificuldade para entender onde está a parte da sustentabilidade.

Talvez seja apenas uma falha de descrição. Mas na minha opinião, isso já deveria estar sendo dito desde o começo. Não deveriam estar poupando energia, ao invés de gastá-la com shows musicais e sessões de cinema? Se a ideia é usar alguma fonte renovável, placas solares ou afins, muito legal! Mas contem isso pra gente.
E o material de divulgação? Será que vai ser feito de papel, milhares deles, folhetos que serão jogados pelo chão ou até quem sabe colocados em latões para reciclagem mesmo, mas impossibilitados de ganhar nova vida porque terão impressão em tintas tóxicas?

Se me permitem sugerir, que tal um espaço com bicicletas para doação, onde as pessoas que se interessem possam adotar uma magrela e receber instruções de segurança de pessoal capacitado?
Quem sabe piqueniques com produtos verdadeiramente naturais, mostrando às pessoas na prática que há uma forma de consumir alimentos gostosos sem a necessidade de mil embalagens?
O bloqueio de pistas (nas ruas) para que as pessoas chegassem até os locais do evento a pé ou de bike seria, no mínimo, coerente. Será que isso vai acontecer, ou será que haverá tumulto nos estacionamentos, que cobrarão fortunas para guardar os carros das pessoas enquanto elas curtem um belo show?

A minha impressão é que as pessoas ainda não entenderam que sustentabilidade é MENOS, e não mais. As verdadeiras atitudes estão em recusar o gasto de energia, recusar produtos se estes não forem necessários, reduzir o consumo. Criar um grande evento, que gera gasto de materiais, de energia, de transporte, para celebrar a sustentabilidade, me parece um tanto incoerente.

Mais uma vez: a ideia do evento é excelente no sentido de gerar conscientização do grande público para este tema. Estamos de olho e ansiosas é para entender o que exatamente vai acontecer nela, quais são os objetivos, que tipo de benefício vai trazer para a comunidade paulistana. Não se trata nem de só não gastar (dinheiro, energia, materiais), mas também do que será poupado com ela, o que será reaproveitado na sua realização. Vamos ficar de olho!

O primeiro post

Fiquei um tempão pensando e escolhendo entre muitas coisas que queria divulgar nesse blog. Ao ler a crônica do Walcyr Carrasco intitulada Luz Acesa, percebi que fazia muito sentido relacioná-la com uma notícia sobre nanotecnologia e que tudo isso tinha a ver com a ideia desse blog.

Aparentemente, uma coisa não tem nada a ver com a outra e muito menos com o título desse blog. A ideia de que o próprio coração humano poderá, no futuro, fornecer energia para equipamentos eletrônicos pode parecer oposta ao que o Walcyr Carrasco diz: "Minha casa será à antiga, mas não correrei o risco de ficar com as cortinas emperradas porque o motoriznho quebrou".



Se o coração humano pode carregar um Ipod, porque as nossas mãos não podem abrir as cortinas ao invés de serem acionadas por controle remoto? A conclusão é que a tecnologia pode nos ajudar a ser mais "verdes", "sustentáveis" ou qualquer outro nome que possamos dar a uma vida menos cheia de "coisas", mas que mantenha o nosso conforto e sem esquecermos da tecnologia. Afinal, podemos prestar atenção e não esquecermos de apagar a luz, mas não economizaríamos energia sem tecnologias como a de células fotovoltaicas ou o aquecedor solar.


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Sou arquiteta e me especializei em edificações sustentáveis, e, por isso, acredito que a simples observação e análise, aliada à pesquisa e tecnologia (quando necessária) podem resultar em objetos, casas, edifícios e cidades que tragam um menor impacto ambiental e, citando um dos conceitos de sustentabilidade, não comprometam o desenvolvimento das gerações futuras.




Mas, e a sacolinha? A sacolinha é um símbolo do consumo e o convite a um teste: se você ainda pega sacolinha até na farmácia quando vai comprar uma aspirina, tente não pegar e veja como é estranho e a cara que o vendedor vai te fazer. Por causa de uma simples sacolinha de plástico que provavelmente vai pro lixão depois de 5 minutos de uso.

Pretendemos aqui compartilhar as nossas descobertas (boas e ruins) sobre assuntos do nosso cotidiano pois não queremos que, como diz a crônica:

"Em nome de pequenos confortos, não abdicamos de todos. As pessoas (não excluindo as autoras desse blog) se acomodam. E fogem da responsabilidade, mesmo mínima, na preservação do meio ambiente."

"Sinto que começo a entender meu lugar no mundo. Não posso resolver todos os problemas da Terra. Mas sim viver de forma positiva. E com uma vantagem extra: vou emagrecer um pouco mais."

É o que esperamos desse blog: que todos comecem a viver de forma positiva (e se quiser emagreçam, rs) e colaborem!